Como ser um neurocientista?

Diego Meille

Como ser um neurocientista

Essa pergunta tem aparecido com bastante frequência nos artigos sobre educação. As pessoas querem saber qual formação leva a “ser um neurocientista”. Bom, pra começo de conversa, neurocientista não é uma profissão específica. É mais uma jogada de marketing do que uma descrição de um cargo específico.

Ninguém se forma neurocientista como se formam médicos, psicólogos ou arquitetos. Neurociência não é uma profissão. Muitas pessoas “acham” que querem ser neurocientistas porque tem essa curiosidade sobre o funcionamento do cérebro e acham “essas coisas legais” e “muito interessantes”. Alguns usam termos como “fascinado pelo cérebro” e “eu sempre quis trabalhar com o cérebro”. Isso é um pouco de ilusão.

Uma viagem pelo cérebro: A via rápida para entender neurociência
Uma excelente introdução à neurociência que pode ajudá-lo a decidir se essa á a área certa para você.
A maioria dos cientistas que se “autodenomina” neurocientista é psicólogo ou profissional de outras áreas, como biologia e química, que fez doutorado em psicologia cognitiva. Há também doutorados em neurociência, mas esses variam muito, indo de uma psicologia cognitiva com nome de neurociência até, apropriadamente, cursos que se focam na biologia e bioquímica do sistema nervoso.

Humm?? Mas eu achava que para ser neurocientista era preciso ser médico? Não?

Não! A medicina não tem ligação com a neurociência. Neurologia e neurociência são duas áreas diferentes. Neurologistas tratam de acidentes vasculares como derrame, AVC, epilepsia, Mal de Parkinson, Mal de Alzheimer, esclerose múltipla, dores de cabeça, distúrbios do sono, entre outras desordens neurológicas. Tudo isso tem a ver com o cérebro, evidentemente, mas o neurologista não passa seus dias estudando todas aquelas “coisas legais” sobre o cérebro que nós lemos em revistas como Super Interessante e Scientific American, como memória e criatividade. Isso é campo da psicologia cognitiva. Apesar disso, não estou desmerecendo a neurologia, que é um campo incrível! Mas para quem está interessando em “estudar a mente”, a neurologia não é a área certa.

Há médicos, das mais variadas especialidades, em campos que podem ser chamados de “neurociência”, desde neurologia, até psiquiatria e genética. Contudo, não é comum médicos passarem da área médica para a área de pesquisa, o que nos leva ao principal ponto a ser compreendido sobre a neurociência:

Neurociências
Popular livro-texto de neurociência usado em diversos cursos universitários. Se você já tomou a decisão de estudar neurociência, este livro lhe dará uma boa introdução ao tema.
Neurociência é exatamente isso, uma “ciência” e ciência é feita dentro de universidades e laboratórios. Portanto, neurocientista é o cara que faz ou fez doutorado em alguma área ligada ao estudo do sistema neurológico, o que inclui além do cérebro, a coluna vertebral e as células nervosas espalhadas pelo corpo.

Existem algumas formações universitárias de neurociências surgindo em muitos países, mas é preciso muito cuidado para não cair em uma armadilha. Não existe profissional “neurocientista”. Cientista de qualquer coisa é um doutor, ou seja, alguém que fez doutorado, e que trabalha dentro do laboratório de uma universidade ou na iniciativa privada. Fora do ambiente de pesquisa, essas pessoas não são cientistas pois não estão mais “fazendo ciência”.

Formação em neurociência é jogadinha de marketing para atrair mais alunos. Esses cursos nada mais são do que uma junção de biologia com psicologia. O campo de trabalho é praticamente zero, ou seja, se a pessoa não deseja realmente seguir sua educação com um doutorado, ela fica com essa formação que não lhe torna um neurocientista de verdade e só serve para ela pendurar o diploma na parede e se fazer de neurocientista para os amigos e familiares que não sabem como a coisa funciona! Emprego mesmo ela não vai conseguir, pois essa área exige doutorado.

Se você quer realmente ser um neurocientista, você precisa primeiro decidir se prefere lidar com o “comportamento” ou com a “biologia”. O estudo do cérebro, o que se convencionou chamar de neurociência, se divide entre:

– as pesquisas comportamentais, que hoje em dia abarcam também os exames de imagem do cérebro como ressonância magnética;

– as pesquisas a nível celular e molecular que ocorrem dentro de laboratórios propriamente ditos. Esses profissionais fazem bastante pesquisa em animais também, como ratos, cães, primatas, entre outros.

Ambas as formações estão disponíveis somente no nível de doutorado. Pós-graduações que se proliferam por aí são apenas cursinhos em psicologia cognitiva que não tornam ninguém neurocientista de verdade, mas podem servir para enganar chefes e fazê-los acreditar que você sabe alguma coisa sobre o cérebro.

A História da Neurociência
A história da neurociência desde a época dos antigos gregos, passando por Descartes, Willis e Golgi até o trabalho de cientistas que ganharam o prêmio Nobel. A história da neurociência entrelaça narrativas da filosofia, da religião, da psicologia, da física, da anatomia, da química, da farmacologia e de uma série de outras ciências.
Qualquer programa de doutorado que se descreva apenas como neurociência, cai na segunda opção: os alunos e posteriormente, os doutores em neurociência, trabalham em laboratórios e suas pesquisas se restringem a investigar partes do cérebro ou células nervosas no microscópio, avaliar e testar biotecnologia de ponta (o que em sua maior parte não é feita pelo neurocientista, mas sim por engenheiros), e desenvolver sistemas biológicos para otimização do sistema neurológico (não só no cérebro, nós temos nervos no corpo todo, não temos?!). Esse grupo pode também ser absorvido pela indústria de biotecnologia e farmacêutica para desenvolvimento de novos produtos e medicamentos.

Eu, pessoalmente, tenho um grande interesse por essa área, mas eu entendo que muitos leitores ao perguntarem sobre neurociência não estão pensando em biologia celular ou estudo do sistema neurológico. Elas também não estão pensando em trabalhar com ratos, o animal mais usado em neurociência.

Quando leigos falam em querer ser neurocientistas porque eles acham o estudo do cérebro “o máximo”, eles caem na primeira opção: pesquisas neuropsicológicas ou comportamentais. São esses caras que ficam filosofando sobre como a memória funciona, como o cérebro de Einstein o tornava um gênio, o que faz as pessoas devanear, por que é tão difícil manter a atenção focada, etc.

Então se você quer trabalhar com jaleco em laboratório olhando pedaços de cérebro no microscópio, faça doutorado em neurociência; se você quer discutir assuntos que envolvem a filosofia do comportamento e funcionamento do cérebro, faça psicologia cognitiva, também chamada de neurociência cognitiva.

E, sim, você precisa fazer doutorado se quer ser “neurocientista”! E o que você vai fazer depois? Como é o trabalho de um neurocientista?

Um neurocientista trabalha geralmente em uma universidade, como professor usualmente ou como pesquisador (geralmente ambos) ou é absorvido pela iniciativa privada (geralmente empresas voltadas para a área biológica do sistema neurológico) em empresas de biotecnologia ou farmacêuticas. Há espaço também em consultoria e hospitais (na área de pesquisa).

Então, o que eu recomendo para os interessados em neurociência é, em primeiro lugar, definir o que é que o atrai nesse campo. É o aspecto biológico do sistema nervoso? Ou é o aspecto cognitivo?

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62 comentários em “Como ser um neurocientista?”

    • Olá Lucas,

      Não vejo necessidade de um post sobre isso já que a procura por esse assunto é muito pequena e não é difícil achar doutorados em neurociência nos EUA. Praticamente todas as universidades nos EUA oferecem doutorados em neurociência.

      Cabe a cada estudante interessado entrar nos sites das universidades em que ele está interessado e procurar ver qual o enfoque do doutorado em neurociência em cada uma. Mas essa não é a forma ideal de procurar um doutorado, principalmente nessa área.

      Essa é uma área em que é muito mais importante escolher qual o professor com quem você quer trabalhar (independente da universidade) do que escolher um curso ou uma instituição específica. O doutorado não é um curso propriamente dito (com “aulas”), mas sim um “emprego” no departamento/laboratório de um professor específico. Por esse motivo, cada estudante precisa avaliar qual área específica da neurociência ele deseja produzir suas pesquisas e por aí ele deve escolher um pesquisador com quem deseja trabalhar (um professor que já pesquisa na área em que ele deseja atuar).

      A neurociência se divide basicamente em duas áreas: a neurociência cognitiva, que é o que a maioria das pessoas leigas identifica como “neurociência”, que é na realidade uma mistura de psicologia com biologia, e é comumente chamada de “ciências cognitivas” nas univerdades. A outra vertente é a neurobiologia, que se foca nos estudos laboratoriais. O estudante interessado em um doutorado já deve saber qual das duas áreas ele quer seguir, mas mais importante do que isso, ele precisa saber qual subárea ele quer se focar (uma linha que prefencialmente o aluno já está traçando desde a graduação com trabalho em laboratórios e pesquisas acadêmicas). Por exemplo, o aluno precisa saber se ele quer fazer sua tese sobre memória, atenção, emoção, distúrbios do sono, etc. Por aí, ele já deve saber quem são os professores na área. Isso já limita muito as univerdades em que ele entraria.

      Portanto, dar dicas genéricas sobre cursos disponíveis nessa área não é adequado. Na realidade, o aluno que já não sabe tudo isso o que eu expliquei e não conhece os pesquisadores de destaque em sua área, dificilmente entraria em doutorado que preste nos EUA. Como eu disse, doutorado é trabalho, não é curso. O canditado precisa se comportar como um empregado a procura de um emprego e precisa se mostrar conhecedor da área, assim como seria esperado de um candidato a vaga em uma empresa.

      Abraços,

      Diego

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      • Muito esclarecedor, acho que foi mais útil do que toda a matéria desse tal Guia Da Vida, na verdade. De fato, explicar COMO algo deve ser feito é muito mais eficiente que apenas citar O QUE deve ser. Afinal, pra que ficar dando voltas no assunto só pra deixar o texto mais extenso e dar pra encaixar os deboches que lhe convier? Convenhamos que o artigo foi bem informativo, mas podia

        Forte abraço, Diego

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  1. Oi pessoal! para quem deseja estudar medicina no exterior, é importante saber que existe a chance de estudar no Uruguai. Meu irmão estuda na universidade Claeh a uns un ano, ele está muito feliz com o curso e o ensino é de primeira. Os casos de estudo são bem atuais e os professores são profissionais atuantes em medicina.
    Deixo o link para aqueles que desejem conhecer mais sobre o Claeh e os estudos no Uruguai http://goo.gl/GTU9ZJ

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    • Olá Bruna,

      Vou escrever sim, agradeço a recomendação.

      O que posso te adiantar é que o processo é igualzinho ao de medicina: precisa já ser formado em alguma coisa, farmácia é “pós”, precisa ter GPA (média) em ciências (matemática, química, física, biologia de nível superior – não é o que você aprende no ensino médio), tem um teste generalizado estilo ENEM só para farmácia, tem entrevista pessoal. Ou seja, é muito mais complicado, demorado, e difícil do que fazer o curso no Brasil e sendo formado em farmácia no Brasil, é facinho validar seu diploma para vir trabalhar nos EUA já que há uma carência muito grande desses profissionais por aqui. Eu não vejo nenhuma vantagem em fazer o curso nos EUA.

      Abraços,

      Diego

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  2. Olá, tudo bom?
    Adorei esse espaço, é bem informativo, me tirou tantas dúvidas, sou extremamente grata!
    Em relação a Biomedicina e a Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, como ela é para o mercado de trabalho no EUA?
    Digamos que eu me forme aqui, em uma das duas opções, mas queira exercer lá, ou então queira fazer um outro curso em alguma universidade dos EUA, como seria?.
    Como eu já teria um bacharel, eu já poderia fazer um Mestrado ou Doutorado, certo?!
    Já que não precisaria passar pelo College e os 4 anos, seria mais concorrido?
    Enfim, algumas dúvidas que me pegaram rs
    Obrigada desde já, estarei aguardando um breve retorno.

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    • Olá Amanda,

      Em primeiro lugar, recomendo que você estude um pouco mais sobre os cursos em que está interessada para saber exatamente o que você quer fazer, pois seu comentário me diz que você ainda não entende bem as carreiras que resultam de cada um desses cursos que você menciona.

      Biomedicina, por exemplo, é um curso que é muito interessante mas pode não abrir muitas portas porque é muito genérico, ensinando muitas coisas e não se aprofundando em nada (o que pode ser corrigido, contudo, com futuras pós e mestrado). Também veja que o curso não existe em todos os países. O mercado para biomedicina nos EUA é inexistente pois o curso não existe aqui e não tem nada a ver nem com medicina, nem com biotecnologia.

      Engenharia de bioprocessos serve para trabalhar na indústria farmacêutica, agroindústria, laboratórios, refinarias de petróleo, é isso o que você deseja?

      Biotecnologia serve para trabalhar tanto na indústria farmacêutica, quanto química, e outras indústrias que lidam com manipulação genética como agroindústria. Há bastante trabalho nessa área por aqui, mas isso depende da área do país. Centro dos EUA é praticamente só agroindústria e petróleo. Costa leste química, genética, cosméticos e farma. Costa Oeste petróleo e cosméticos.

      Você tem que ver qual o tipo de trabalho que as pessoas formadas nessas profissões fazem. Onde elas trabalham? Que tipo de indústria? Quais as atividades que fazem no dia-a-dia? E aí pensar se é isso mesmo o que você quer. Também há bastante mercado nessa área.

      Essas áreas “bio” são bem enganosas. As pessoas gostam do tema, do assunto, mas a realidade do trabalho é completamente diferente.

      Esses cursos existem no nível de college, não é necessário fazer outra faculdade primeiro. Se você vier formada do Brasil você pode sim fazer mestrado e doutorado (lembrando que aqui entra-se no doutorado direto, sem precisar fazer mestrado primeiro).

      Abraços,

      Diego

      Responder
      • Olá Diego!
        Primeiramente gostaria de agradecer pelo retorno, está sendo uma luz para que eu possa compreender melhor essas áreas, você explica com clareza, obrigada de coração!
        Eu estou pesquisando um pouco, mas confesso às vezes fico meio perdida nas informações.
        Eu não tenho contato com os profissionais, eu procurei enviar alguns e-mails para algumas universidades daqui, até mesmo professores, não tenho muito retorno, não levam em consideração.
        Como percebeu, realmente tenho dúvidas e as vezes não me expresso como gostaria, enfim, começarei a buscar mais, está interessante.
        Cada vez que eu leio sobre essas “bios” que existem, acabo confundindo as áreas e misturando.
        Eu vi um pouco sobre a Bioengenharia, mas ainda não consegui formular uma ideia concreta dela, e ela me instigou, você poderia me falar como é esse curso aí, o mercado de trabalho, como é o perfil dos alunos que cursam?!
        Pelo que eu vi, ela mescla biologia, física, química e matemática.
        Eu tenho interesse por essas áreas de biologia, química, matemática e pesquisas, se você souber de outros cursos referentes, por favor, gostaria que me apresentasse um pouquinho, gosto muito com ênfase a Biologia. (Claro, assim que você estiver com tempo disponível, eu aguardarei).

        Só para eu recapitular, na área da engenharia não precisa dos 4 anos do college, nesse caso você vai para a graduação direto, certo?
        Como assim esses “cursos existem no nível college”, não seria aquela formação de “aculturar” primeiro para depois você ir para o superior desejado?

        Nossa, me perdoe por me estender, realmente estou aproveitando o ensejo para sanar essas dúvidas, pois não tenho outro meio (a não ser pesquisas pela internet).

        Novamente obrigada, você possui um blog de altíssima qualidade, o quanto me auxiliou, sou realmente leiga nesses aspectos e é gratificante adquirir novos conceitos!
        Enfim, um grande abraço.

        Responder
        • Olá Amanda,

          Se você gosta da área biológica, acredito ser primariamente importante determinar que tipo de estilo de trabalho você gostaria de ter, pois é isso o que vai determinar o curso que você vai fazer. Alguns cursos permitem uma diversidade maior de carreiras do que outros. Há muita informação na internet, principalmente em inglês. Não é necessário entrar em contato com professores e universidades (eles nunca respondem mesmo!). Foruns de discussão são excelentes para solucionar dúvidas.

          Engenharia é sempre uma boa escolha, pois é uma profissão muito versátil e valorizada. Se seu interesse é em áreas biológicas, há algumas opções como engenharia bioquímica, engenharia de bioprocessos (nem sempre disponível em todas as universidades, subdivisão da engenharia química), engenharia biomolecular (geralmente só disponível como graduate course, não faculdade. É subdivisão da engenharia química), engenharia biomédica, engenharia biológica, nanoengenharia (só graduate).

          Engenharia é college, nível de faculdade, não é graduate school. É a única escola em que você pode obter uma formação profissional sem ter que fazer college + grad school. Então não é que você “pula” o college pra ir direto para a grad school, você só precisa do college mesmo para ser engenheira. Se você quer ir para uma área mais específica, uma subdivisão da engenharia como algumas que eu mencionei, aí você faz college e um mestrado. Como por exemplo, college em engenharia química e mestrado em engenharia biomolecular. Doutorado é só se você quiser ser professora e se dedicar à pesquisa científica em uma universidade. Se você quer trabalhar em uma empresa ou ser empreendedora, o doutorado faz mais mal do que bem. Os diplomas do Brasil em engenharia são bem valorizados nos EUA.

          Uma formação como engenharia química abre muitas portas, pois é extremamente versátil para carreiras tanto na área química (petroquímicas, cosméticos, agro, farmacológica, dentre outras indústrias) quanto biológica (bioquímica, biomédica, farmacológica, genética, médica).

          Outras formações que “soam” interessantes mas não são engenharia são BEM menos valorizadas, resultam em salário menor, abrem menos portas, e são menos versáteis (você tem menos opções de carreiras). Biologia, por exemplo, você acaba só podendo trabalhar como professora. Evite também cursos novos como neurociência, pois quando o mercado não conhece o curso, a tendência é você não conseguir um emprego depois no nível de sua formação. Lembre-se que o ideal é sempre ter uma formação sólida no nível de college e depois fazer mestrado (graduate school) para se especializar. Lembrando que nos EUA não tem muita pós-graduação como tem no Brasil. Especialização é mestrado mesmo.

          Acredito que no seu caso, a engenharia química seja a melhor opção. Essa é a “engenharia das engenharias” cobrindo todas as áreas da ciência (biologia, química, física, e matemática) e permitindo uma amplitude enorme de carreiras e possibilidades de especialização. Mesmo só com a engenharia química você já pode trabalhar em uma variedade enorme de indústrias, de farmacológica a agronegócios, petroquímicas, cosméticos, área médica, genética, tecnologia, energia, laboratórios, e pode ir para pequisa em universidades (fazendo um doutorado) se você quiser. É uma profissão extremamente valorizada no mundo todo, quer você obtenha seu diploma no Brasil, ou nos EUA.

          Abraços,

          Diego

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  3. Olá, primeiramente obrigada pela informação, ajudou muito!
    Eu tive essa vontade fazer neurociencia, eu ia fazer para depois fazer a neurociencia. Mas agora vi, a qual voce falou, e uma ilusao. Gosto muito de biologia e quimica, entao pensei fazer geologia ou biotecnogia para eu cursar. Gostaria muito da sua opiniao, ficarei agradecida pois eu estou fazendo o vestibular!

    Responder
    • Olá Ariane,

      Vejo que você ainda está muito confusa! Geologia, biotecnologia, e neurociência são três áreas muito diferentes. Acredito que a mais importante dica que eu posso te dar é não se basear nas matérias que você gosta na escola! Essa é a PIOR forma de escolher uma profissão e o caminho mais fácil para cair em uma enrascada! Pense o seguinte… a pessoa que escolhe fazer medicina não o faz porque gosta de biologia na escola, ela escolhe a profissão porque quer fazer o que um médico faz no dia-a-dia. É isso o que você tem que pensar. Qual é a atividade diária de uma pessoa na profissão que você está considerando? Você gostaria de fazer aquilo todos os dias? A atividade no dia-a-dia tem muito pouca relação com o material acadêmico que você estuda na escola. Outros pontos a serem considerados são se a profissão conduz a uma atividade mais solitária ou se exige trabalho em equipe. Isso entra bem na personalidade da pessoa e é uma das coisas que mais provoca arrependimento caso a pessoa escolha uma profissão contrária à sua tendência individual. Também não tem nada a ver com gosto por matérias específicas. Indico o artigo que uma amiga escreveu aqui para o site: https://guiadavida.com.br/educacao/profissoes/como-escolher-uma-profissao/

      Lembre-se que neurociência não é uma profissão, é uma área do conhecimento. Faculdade de neurociência é uma enganacão (é uma mistura de psicologia com biologia que não permite com que você seja nem psicóloga, nem bióloga). A atividade de uma pessoa que “faz” neurociência na prática é professor universitário (e exige doutorado para que você seja neurocientista “de verdade”). É isso o que você quer ser? Se sim, vá em frente, mas pesquise primeiro em cada profissão: o que a pessoa realmente faz naquela profissão, em que ambiente ela trabalha, qual o nível de pressão, de estresse, que tipo de atividades esse profissional desempenha no dia-a-dia – e então compare com sua própria personalidade. Você é uma pessoa que gosta de fazer essas coisas?

      Abraços,

      Diego

      Responder
      • Muito obrigada pelos conselhos e pelo texto super inteligente da sua amiga! E realmente estava completamente enganada sobre essa profissão de biomedicina. Então, eu decidir refletir sobre o que você falou e o que a sua amiga escreveu lá no blog “guia da vida”, por muitos meses fiquei pensando e agora mudei para engenharia quimica. Agora fui ler os comentarios e você estava falando sobre engenharia quimica para amanda, fiquei feliz porque era tudo aquilo que eu realmente pensava.Por isso lhe agradeço novamente pelo direcionamento.

        Responder
    • Olá Aline,

      Não é possível obter ajuda “particular”. Faça sua pergunta anonimamente se for o caso, coloque outro nome. Não é necessário “se expor” de forma que outros possam identificá-la. A única informação pública é o nome (o que pode ser alterado). O email informado aqui não fica visível para outros leitores.

      Abraços,

      Diego

      Responder
  4. Boa tarde, Diego. Encontrei o blog fazendo algumas pesquisas e fiquei admirada pelo nível de informações e conhecimentos práticos que você possui. Meu intuito não é “usá-lo” pra uma consultoria pessoal, mas gostaria de saber se dentro das áreas que tem acesso e experiência se poderia me auxliar de algma forma, enfim compartilhar daquilo que já sabe?
    Estou morando nos Eua (Connecicut) há 8 meses. Até então não havia pensado na possiblidade de extender minha permanência para estudar por conta de não ter recursos financeioas para bancar um college ou um master, por exemplo.
    Sou formada em biologia no Brasil e antes de vir pra cá estava pensando em fazer um curso no Instituto de psiquiatria da UFRJ, que se chama especialização em neurociências. Seu artigo foi bem esclarecedor pra mim, visto que nunca tive essa ideia fantasiosa sobre ser neurocientista. E meu interesse nesse curso foi pela oportunidade de estar em contato com minha área (onde nunca atuei) e entrar um pouco na área de psicologia (pretendo iniciar minha segunda graduação em psicologia, visto que tenho interesse na área clínica, orientação, comportamentos e afins). Enfim, o cronograma deste curso me interessou bastante, mas acabei vindo pra cá passar um tempo e não foi possível iniciar.
    Conversando com algumas pessoas me deram a sugestão (“aproveitando que já estou aqui”) de tentar uma bolsa para faculdade ou um mestrado. Do pouco que já pesquisei me parece algo bem distante da minha realidade. Por já ter o bacharelado em biologia, acho que o mais viável, segundo o que li, inclusive no seu blog seria tentar um master degree, já que psicologia aqui teria que fazer mestrado e doutorado pra exercer.
    Então, gostaria de saber se você possui algum tipo de informação sobre a possibilidade de tentar aplicar para solicitar bolsa de estudos mesmo estando fora do meio acadêmico há tantos anos, como estou?
    Desde já agradeço a atenção.

    Responder
    • Olá Aline,

      As respostas que eu dou aqui ajudam outros leitores também, por isso é importante insistir em manter as coisas públicas! Nesse caso aqui, por exemplo, minha resposta pode esclarecer futuros visitantes que têm a mesma dúvida, enquando não há necessidade alguma de levar essa conversa específica para um ambiente privado, não concorda?

      Você não me disse qual a sua situação imigratória. Isso é importante para que eu possa avaliar suas possibilidades. Me diga se você está aqui em um visto (se sim, qual visto), se é Americana, ou se tem Green Card.

      Bolsas são coisa rara, muitíssimo raras! Bolsas são mais comuns para cursos de undergraduate (faculdade inicial/college) e doutorado (todos os doutorados têm bolsa). No caso, bolsas para undergraduate são oferecidas à alunos (geralmente Americanos) que possuem muita carência financeira ou apresentam um desempenho acadêmico acima do normal. Mesmo assim, geralmente elas são parciais. Como você já tem um bacharel, seria impossível, mesmo se fosse Americana, conseguir bolsa para fazer outro curso de undergraduate.

      Bolsas para mestrado são praticamente inexistentes, pois o mestrado é mais profissional do que acadêmico. Quando são oferecidas, geralmente vêm de empresas que financiam o curso para seus funcionários.

      Pós-graduações lato sensu também não oferecem oportunidade de bolsa, a não ser via empregador.

      Os alunos Americanos ou portadores de Green Card geralmente pegam financiamento estudantil para custear tanto a faculdade quanto mestrados e pós-graduações (exceto doutorado). Isso é diferente de bolsa, mas geralmente não está disponível para estrangeiros, a não ser que você possa conseguir um fiador Americano (ou portador de Green Card) com renda relativamente alta e bom crédito.

      No caso da psicologia, o aluno interessado em praticar a profissão sai da faculdade e vai direto para o doutorado (não se faz mestrado antes do doutorado por aqui. O mestrado tem fins profissionais, enquanto o doutorado tem propósito acadêmico, mas no caso da psicologia, é o que permite a prática da profissão). Se você tem publicações científicas no Brasil ou trabalhou em laboratórios (de professores) enquanto estava na faculdade, há uma chance de que possa aplicar para um doutorado aqui. Caso negativo, você pode traçar um plano para se preparar para um doutorado. Isso pode ser feito através de trabalho voluntário nos laboratórios dos professores da área (o que pode também conduzir à publicações).

      É bom mencionar que caso esteja aqui com um visto, é necessário voltar ao Brasil para mudar para outro visto, não é possível passar de um visto para outro estando aqui.

      Abraços,

      Diego

      Responder
      • Obrigada pela disponibilidade e tantos esclarecimentos.

        Meu visto é de turista e extendi por mais 6 meses. Não estou aqui ilegalmente, nem ficarei. Nunca havia cogitado a possiblidade de solicitar a troca de status para visto de estudante (o que é possível fazer aqui, embora não recomendado), pois o principal fator é comprovação de renda para bancar o possível curso que gostaria de fazer, que não meu caso não possuo.

        Surgiu então a ideia de pesquisar se existiria alguma possibilidade de conseguir algum tipo de bolsa e aproveitar de alguma forma a formação que já possuo do Brasil.

        Eu tinha essa ideia mesmo de que as bolsas sejam mais restristas aos cidadãos e aos alunos que apresentam algum desempenho acima do normal, no entanto, resolvi buscar mais informações a respeito pra ter certeza antes de retornar.

        Sei sim, que o recomendado e até mais fácil é retornar ao país de origem e solicitar uma nova modalidade de visto, mas por já estar aqui queria tentar “aproveitar” a chance.

        Voltar ao Brasil com algum curso ou especialização com certeza poderia facilitar ou abrir novas portas na procura de um novo emprego, além do que ter o próprio conhecimento em si, fazer novos contatos e aprender mais sobre um assunto que realmente me interessa.

        Depois de tudo que disse, creio que aqui será mesmo impossível fazer algo nesse sentido.

        Mais uma vez, obrigada por compartilhar suas informações e a gentileza em responder.

        Responder
  5. Nota.se que vc nada sabe sobre biomedicina. Há biomédicos que Tem formação em neurociência e em tantas outras áreas e não só em salão de beleza. O que vc tem contra isso? Ha biomedicos trabalhando tanto nos EUA e em outros paises. Informe.se melhor. Obrigada.

    Responder
  6. Estou começando meu mestrado em neurociências da musica, o que parece não existir no Brasil, pelo menos que eu tenha encontrado.
    E uma ciência nova e são poucos trabalhos produzidos no nosso país,
    você poderia me dar as dicas de como encontrar pesquisadores nesta área no Brasil
    Me interesse seria formar um grupo de estudo

    Responder
    • Olá Gislayne,

      Acredito que se você está começando seu mestrado, o melhor caminho é conversar com os professores para crescer sua rede de contatos. A internet é outra ferramenta para encontrar pessoas interessadas no assunto como em grupos no Facebook e Reddit. Agora, é importante procurar com outras “palavras-chave” como musicologia, pois “neurociência da música” é realmente só um outro nome para estudos que já vem sendo feitos há décadas, não necessariamente com esse “rótulo”. O primeiro passo então é fazer uma lista de todos os “nomes” que descrevem os interesses de pessoas que estudam esse mesmo assunto.

      Abraços,

      Diego

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    • Não sei de quando é este post, porém na UFABC já possuem o curso de graduação em Neurociências e eles possuem também o mestrado e doutorado em Neuromúsica.

      Responder
  7. OI, eu sou apaixonada por estudos como “por que as pessoas tem quedas de memoria?”, e “por que o cérebro confunde amor e ódio?”, entre muitas outras. Eu fico muito confusa em relação a qual curso deve escolher, pois uns me falam uma coisa e outros falam outra. Se eu quero estudar as diferentes anomalias do cérebro, as diferentes áreas, por que cada coisa acontece (como a percepção das cores, sentimentos e emoçoes), que curso eu devo seguir?

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    • Olá Julia

      Em termos de faculdade, você pode escolher dentre uma porção de cursos, desde psicologia, até biologia. Somente um doutorado lhe levará a poder trabalhar estudando essas questões. Veja que esses assuntos sendo desenvolvidos em aulas na faculdade (em psicologia) por exemplo, não significa que depois de formada você poderá trabalhar com isso. Pelo seu comentário, o que vejo é que você deseja ter como profissão investigar assuntos, estudar, descobrir soluções para problemas relacionados com o cérebro. Se é isso mesmo, a faculdade que você fizer não importa muito, pois como eu disse, é só um doutorado que permite com que você seja cientista e pesquisadora. No caso, se você tem mais interesse na área biológica, por exemplo, estudar profundamente as razões biológicas para a perda de memória, trabalhar no microscópio, com amostras de tecido cerebral, essas coisas, então eu recomendaria fazer biologia como faculdade e depois mestrado e doutorado em neurociência cognitiva. Se, por outro lado, seu interesse é na parte “filósófica” do negócio, você gosta de entender como funciona, fazer experimentos comportamentais (não médicos) e tende a preferir avaliar esses problemas de um ponto de vista mais amplo e não no nível celular/molecular, então eu recomendaria fazer psicologia e depois um mestrado e doutorado em psicologia cognitiva.

      Mantenha em mente que a “profissão” que estuda essas coisas é a de professor universitário! São esses os “cientistas” que organizam os experimentos, fazem as descobertas, publicam seus resultados em journals científicos e depois a mídia divulga suas descobertas os retratando como “pesquisadores” e “cientistas” sem mencionar que, em primeiro lugar, essas pessoas são professores universitários.

      Abraços,

      Diego

      Responder
  8. Ola, boa tarde!!
    Eu e minha familia estamos com planos de se mudar para os Estados Unidos esse ano mesmo (2018), meu Green Card esta em andamento e tudo mais. Eu queria muito estudar psicologia ai, tenho essa mentalidade desde quando era criança mas agora tenho interesse em neurologia. Eu gostaria de saber se eu teria que entrar em uma faculdade de medicina pra depois estudar neurologia ou se tem faculdades com esse curso direto.

    Obrigada!!

    Responder
    • Olá Carol,

      Neurologia e neurociência são dois campos completamente distintos. Neurologia é uma especialidade da medicina que trata pacientes com problemas neurológicos (derrame, mal de Parkinson, traumas cerebrais, dores de cabeça, etc.). Neurociência é um termo guarda-chuva que é usado em muitos contextos de forma solta e mais para “impressionar”. Como digo no artigo, muitos profissionais que fazem doutorado em psicologia cognitiva se autointitulam neurocientistas, mas sem nenhuma formação específica nesse sentido. Existem faculdades de neurociência (que no nível de graduação é uma mistura de biologia com psicologia), mas só com um curso superior nessa área, você não poderia fazer absolutamente nada (não conseguiria emprego). Ou seja, fazer faculdade de neurociência é mais “pra inglês ver”, você não sai neurocientista. Todas as áreas de pesquisa e ciência, principalmente nos EUA, exigem doutorado para que a pessoa possa fazer qualquer coisa significativa na área. É importante definir então o que exatamente te atrai na neurociência. Se é mais a parte biológica (como por exemplo, memória, ou origens biológicas do comportamento), então eu recomendaria fazer faculdade de biologia e depois PhD em neurociência. Se você está mais interessada na parte “soft”, menos científica, mais ligado à filosofia do funcionamento do cérebro, então recomendaria fazer psicologia e depois doutorado ou em psicologia cognitiva ou em neurociência cognitiva. Mantenha em mente que a medicina não a leva para a neurociência.

      Para te ajudar a delinear melhor o seu interesse, eu recomendo procurar artigos na área de neurociência em publicações como Nature e Science (os sites da Nature e Science possuem bastante artigos pra te dar uma ideia, não precisa assinar os journals!). Esses journals podem te mostrar o que exatamente os cientistas estão fazendo no momento dentro dessa área (que métodos de pesquisa eles estão usando, o que eles fazem em seus respectivos laboratórios, etc.). Você pode se imaginar no lugar deles e tentar prever se você gostaria de fazer aquele tipo de pesquisa.

      Abraços,

      Diego

      Responder
        • Olá Carol,

          Não, neurologia não é um “curso”, é uma especialidade da medicina. Você só poderia ser neurologista se fizesse medicina e depois mais 4 anos de residência em neurologia. Mantenha em mente também que medicina nos EUA requer um curso superior prévio, então você teria que fazer uma faculdade (como biologia ou bioquímica), depois fazer medicina e depois neurologia. Para alguém que está interessada em neurociência, eu não acho que esse caminho é recomendado.

          Abraços,

          Diego

          Responder
  9. Boa Tarde.
    Terminei o Ensino Médio ano passado e ainda não escolhi que curso de Graduação quero fazer. Fiz algumas pesquisas e achei muito Interessante essa área de Neurociências.
    No começo do Ensino Médio tinha decidido que queria fazer Biologia, mas chegando no final, fiquei confuso e decidi não fazer mais,depois pensei um pouco na Área de Psicologia, mas fiquei mais confuso ainda.
    Sempre sonhei em trabalhar em Laboratório e fazer Pesquisas. Gostaria de saber se essa área em questão seria uma boa alternativa, que curso de graduação me levaria a tal e quais faculdades você recomendaria para começar (Moro em São Paulo), deixando claro que não tenho muito interesse na Área Biológica (Celular/Molecular).

    Responder
    • Olá Jonathan,

      Como explico no artigo, há muita desinformação e ilusão sobre o que é realmente a área de neurociência. As pessoas acham o assunto legal, interessante, “sério”, acham que podem ter uma carreira espetacular “estudando o cérebro”. A realidade, e esse parece ser o seu caso, é que essas pessoas estão interessadas em psicologia cognitiva, não em neurociência. A neurociência em si é área biológica, estuda o sistema nervoso (não só o cérebro, mas toda a rede neural do corpo). Para pessoas que se interessam em “como o cérebro funciona” e também gostam da parte biológica, neurociência pode ser uma alternativa, mas para alguém que não gosta dessa área, fica muito difícil. Outra coisa para considerar, essa não é uma área “profissional”, é uma área acadêmica. Não há muita oportunidade na indústria, principalmente no Brasil, para pessoas especializadas em neurociência. Mesmo na área acadêmica, é muito difícil encontrar seu “lugar ao sol”, já que conseguir uma posição acadêmica não é algo que ocorre automaticamente quando você obtém seu PhD. Muitos doutores ficam desempregados ou vão trabalhar em áreas não relacionadas às suas especialidades porque não conseguem realizar seu sonho de serem pesquisadores de verdade. Há dois tipos de laboratórios de neurociência, um trabalha com a parte biológica como explico no artigo, e outro trabalha com modelos animais (geralmente ratos) para entender os processos cognitivos em mamíferos. O pessoal da psicologia cognitiva trabalha nesse segundo tipo de laboratório.

      Acredito que você precise deixar mais claro para si mesmo que tipo de trabalho está disposto a fazer. Você diz que quer trabalhar em laboratório, mas não gosta da parte biológica… que tipo de trabalho em laboratório você espera poder fazer? Trabalhar com animais (como ratos, e outros animais usados em pesquisas)? Comportamental (grupos de voluntários que são testados em termos de reações e atitudes – esse tipo de pesquisa é feita nas áreas das ciências sociais como psicologia e sociologia)? Laboratório molhado (lidar com organismos vivos, bactéria, vírus, líquidos, geralmente nas áreas biológicas e químicas)?

      Quando você diz que quer fazer pesquisa, o que você espera poder fazer? Deixar suas expectativas mais claras, tirar pra fora o que você pensa ser o que está esperando do futuro ajuda a clarear as ideias e muitas vezes, o faz entender que suas expectativas não correspondem à realidade de uma determinada profissão.

      Em geral, eu não recomendo escolher uma profissão baseado em interesses pelo assunto em si – as pessoas dificilmente trabalham com o que há de mais interessante dentro do assunto acadêmico da profissão. Carreira é dia-a-dia, é atividade real, não leitura, discussões interessantes, ou estudo (mesmo na área acadêmica). Então escolher uma profissão com base nas atividades que o profissional desempenha e no potencial de crescimento acaba resultando em uma vida com menos frustração. Eu conheço muita gente que fez faculdade baseando-se em interesses pelo assunto e hoje amarga carreiras sem futuro, sem alternativa, ou fazem coisas completamente não relacionadas. Isso é muito comum em áreas das ciências sociais como psicologia, sociologia, e humanas como letras e filosofia.

      São coisas para você levar em consideração… Também é importante entender cada profissão profundamente para ser capaz de traçar caminhos alternativos: se o que você “sonha” não acontecer do jeito que você planeja, quais são suas alternativas? Sonhar em ser pesquisador é uma dessas situações. Não é a mesma coisa que sonhar ser médico ou engenheiro (praticamente certo que você vai fazer exatamente o que estudou). Ser pesquisador depende de uma série de ocorrências favoráveis, ajuda de terceiros, e até mesmo do governo (a grande maioria das pesquisas científicas no Brasil são financiadas pelo governo). Se você tem planos de morar no exterior, essas alternativas podem mudar um pouco e lhe dar mais oportunidades de realmente fazer pesquisa de verdade.

      Abraços,

      Diego

      Responder
  10. Diego,
    Sou professora e vi na neurociência cognitiva uma possibilidade de estudar a memória e a atenção. Li seu artigo e vi ambas em campos separados… É assim tão estanque? Eu realmente estou interessada em estudar como nosso cérebro se concentra e aprende, não para procurar emprego nisso, mas para aperfeiçoar meu modo de dar as aulas e melhorar os materiais que escrevo para meus alunos… Tenho um problema real. Está difícil mantê-los concentrados por muito tempo.
    Sabe me dizer se a UFABC tem essa área de cognição em andamento? Olhei no site e tudo lá parece bem voltado para a Biologia e a Engenharia…
    Eu sou uma dessas leigas de que você fala, mas por pouco tempo. Será que estou fazendo bobagem ao pensar na graduação em neurociência para esse fim? Sou graduada, mas um doutorado direto não me parece realista, já que minha área é Letras.
    Abraço!
    Juliana

    Responder
    • Olá Juliana,

      Se sua intenção é compreender melhor esses processos, eu acredito que uma pós em pedagogia ou mesmo em neurociência do aprendizado ou curso similar seja mais frutífero para você. Pessoalmente, se eu estivesse na sua situação eu não faria curso algum, eu apenas leria os mesmos livros que esses cursos usam. Afinal de contas, ninguém aprende nada secreto na universidade. Tudo o que é dado nesses cursos sai de livros publicados, leia esses livros e você terá esse conhecimento. Qualquer curso ou pós-graduação, incluindo mestrado e doutorado, só vale a pena se isso for avançar sua carreira. Doutorado é mais um emprego do que um curso, então se sua intenção não é se tornar pesquisadora ou professora universitária, doutorado realmente não é uma ideia realista.

      Abraços,

      Diego

      Responder
      • Obrigada pela resposta, Diego.

        Gostaria de mencionar um ponto, talvez o mais crucial: o modo como as coisas andam em pesquisa aqui no Brasil não faz do doutorado (ou do mestrado, como queira) um emprego de jeito nenhum. Pós-graduação é estudo, e não emprego. O trabalho eventual nessa etapa é visto como “parte da formação”. Não sei se algum lugar do mundo faz o que é feito aqui, mas cautela ao tratar disso é recomendável, antes que as pessoas criem a ilusão de que, para trabalhar numa universidade, basta ser doutorando ou mestrando nela. Se vc é pesquisador, sabe do que falo.

        Abraço!

        Juliana.

        Responder
        • Olá Juliana,

          Aqui nos EUA, doutorado é literalmente um emprego. Agora, quando eu me refiro à emprego, não quero dizer que o doutorando vai dar aulas. O “emprego” é realizar trabalho de coleta de dados e outras atividades de manutenção no laboratório do professor orientador. Geralmente o professor orientador está trabalhando em uma pesquisa a fim de publicar um artigo científico. Ele precisa coletar dados e processar esses dados para que possa gerar resultados publicáveis. Quem coleta esses dados e faz todo o serviço de processamento, alimentação desses dados nos softwares que fazem os cálculos, etc., são os alunos de doutorado. Nesse processo eles aprendem como pesquisa científica funciona no mundo real. Alunos de doutorado também ajudam o laboratório escrevendo solicitações de investimentos (grants), e ocasionalmente dão aulas ou funcionam como professores assistentes, ajudando alunos com lições e aprendizado e corrigindo provas e outros tipos de trabalhos que os alunos produzem. Tenho uma colega que acabou de terminar um doutorado na USP e a experiência dela foi assim também. Ela fez todo o conteúdo teórico durante o mestrado e não teve uma única aula no doutorado. É por isso que muitos alunos de doutorado se referem à essa experiência como “trabalho escravo”. A bolsa mal cobre o custo de vida e as exigências são típicas de um técnico de laboratório.

          Abraços,

          Diego

          Responder
  11. Penso que você deve ser um mala sem alça que se acha a pessoa mais inteligente do mundo.

    Desqualificando todos os cursos de PG ??

    Talvez, se um dia , por ventura, você resolver “criar um curso que não seja enganação” , me avise por favor.

    Provavelmente o seu será o melhor do mundo.

    Vc é um Zé Ruela

    Responder
    • Olá Matheus,

      O que te incomodou nesse artigo? Que áreas eu “desqualifiquei”? O que é curso de PG? Muitos leitores me perguntam sobre neurociência sem entender o que é realmente essa área, quando o interesse deles é geralmente na área cognitiva. Eu escrevi esse artigo para esclarecer que neurociência “de verdade” está mais ligada à área biológica. A área cognitiva em que a maioria tem interesse geralmente é uma jogada de marketing com o nome “neurociência”, sendo apenas psicologia cognitiva (sem querer desmerecer a área). Não sei se você achou que eu desqualifiquei a psicologia cognitiva, mas o que quis dizer foi que cursos que estudam memória, atenção, criatividade, assuntos que os leitores estão “mais” interessados, são áreas da psicologia, não da medicina (neurologia) como muitos acreditam. Isso de forma alguma desqualifica a psicologia cognitiva, mas é preciso entender que o termo neurociência, nesse caso, é só uma maquiagem.

      Abraços,

      Diego

      Responder
    • Olá Fernanda,

      Pós é o tipo de curso que não tem nenhum pré-requisito além de simplesmente ter completado um curso superior, qualquer um. Mestrado e doutorado, aí já é outra história. Uma pós em neurociência não a torna neurocientista.

      Abraços,

      Diego

      Responder
  12. Você me esclareceu muitas coisas, então primeiramente obrigado me ajudou bastante a ter uma noção do que eu quero fazer visto que sou uma pessoa muito indecisa pra escolher profissão. Como você mesmo disse em alguns comentários, ninguém escolhe uma profissão pela matéria acadêmica e sim pelo rotina de trabalho que aquela profissão exerce.
    Eu sou uma pessoa encantada pelo cérebro, eu amo tudo que envolve ele, se eu tivesse tempo e pudesse faria todos os tipos de cursos que envolvem ele, porém temos que nos especificar em algo certo? Eu particularmente gosto mais da parte cognitiva do cérebro, estudar comportamentos entender o por quê de certas coisas. Inclusive estou estudando autonomamente sobre linguagem corporal que também está interligada ao cérebro por aí você já deve saber mais ou menos a parte da “neurociência” que eu gosto, e eu também já estudei muito e pesquisei muito sobre hipnose, hipnoterapia, e eu amo isso demais. Eu queria que você me explicasse aonde eu posso fazer os cursos necessários pra eu me aprofundar nesses quesitos, no que eu posso trabalhar, se existe uma área cientifica pra isso e gostaria de saber se existe alguma faculdade no sul sobre essas coisas.
    Agradeço desde já!

    Responder
    • Olá Dico,

      Seu comentário acabou indo para o spam por alguma raZão que eu ainda não descobri! Por isso ele não apareceu e eu também não tinha visto. Bem, pela descrição que você dá dos seus interesses, eu indicaria fazer algo relacionado à psicologia. Todos esses assuntos sobre o cérebro são área da psicologia (a maioria das pessoas não sabe disso!), mas para entrar no ramo da pesquisa em si é preciso seguir em frente com sua educação após a graduação. Pesquisa é feita em universidades por quem tem doutorado, então avalie se essa é a rota que você deseja seguir. Existe pesquisa também no setor privado (principalmente no exterior), mas também requerem doutorado. Além disso, psicólogos são os profissionais que conseguem trabalhar com esses assuntos na prática com pacientes, se essa for a sua preferência. Mantenha em mente que psicologia não é uma formação apenas para trabalhar na área clínica, como muitas pessoas pensam, mas também em pesquisa científica.

      Outro ponto que acredito que devo esclarecer, até para outros leitores, é que muitos acreditam que precisam fazer neurociência para estudar “essas coisas”. Isso não é verdade. Neurociência, em primeiro lugar, é área da psicologia, e sua outra área, mais ligada à biologia, lida com o sistema nervoso e quem trabalha nesse ramo geralmente estuda doenças como Mal de Parkinson, dor crônica, entre outros problemas neurológicos. É um erro achar neurociência estuda o cérebro. Neurociência estuda o cérebro do ponto de vista do funcionamento do sistema nervoso. É a psicologia que estuda o cérebro do ponto de vista cognitivo (como o cérebro funciona).

      Abraços,

      Diego

      Responder
  13. Olá.
    Eu não tô na faculdade ainda não, tenho 16 anos só, to fazendo ensino médio com técnico integrado em eletrônica no IF, eletrônica é uma coisa que sempre quis estudar, não sou muito aquele tipo de estuante nerd que copia tudo e gabarita as provas, na verdade sou bem largado, mas isso não descredibiliza minha vontade de criar algo novo na tecnologia (literalmente inventar algo novo). Sempre pensei em trabalhar com alguma dessas 3 áreas: Biologia, mais voltada para modificações genéticas, mas não qualquer mutaçãozinha “insignificante”, e sim mutações realmente significantes, mas é muito coisa de filme de ficção cientifica, sendo muito impossível, larguei pra lá; Segunda área seria astrofísica + física comum, com objetivo de descobrir mais sobre o universo e tentar aplicar fenômenos físicos descobertos, para a criação de alguma tecnologia (dobra de espaço, etc), mas o universo é tao ridículo de grande, e a humanidade nunca vai chegar a alcançar algo perto do que eu almejava, deixei de lado também, além disso é algo tão… sei lá, filme Interestelar, que se eu dissesse que quero criar um motor de dobra achariam que sou lunático, ia ficar ridículo até pra mim mesmo; E a terceira área é Neurotecnologia, também voltado para a criação de novas tecnologias. Essa foi a primeira que me surgiu na cabeça, desconsiderei por um tempo até que percebi que não era algo tão impossível e que realmente não teria nada que gostaria mais de trabalhar do que isso. Minha pretensão é de algum dia conseguir criar uma interface computador / cérebro de alto nível, de forma que possibilite que uma enorme gama de novas tecnologias sejam possíveis (principalmente na industria digital e até mesmo jogos eletrônicos). Queria muito que houvesse uma forma de terminar meu ensino médio e seguir para alguma faculdade de tecnologia, para em seguida, de alguma forma fazer uma conexão de tecnologia e neurociência nas faculdades, sem que eu precise cursar tecnologia e depois começar do zero em alguma dessas faculdades, apenas em busca de conhecimento neurocientífico. Alguém sabe me dizer se existe alguma forma de estudar neurociência / neurotecnologia através da área tecnológica? (Tudo bem que neurotecnologia não é uma matéria de faculdade, e sim um campo científico, mas deu pra entender o que tô buscando kkkkk)

    Responder
    • Olá Ryan,

      Pessoas que trabalham com neurotecnologia geralmente são engenheiros (mecânica, eletrônica, mecatrônica, biomédica, biológica, e até mesmo química e computação). Faculdade de “tecnologia” respeitável o suficiente para que você chegue na neurotecnologia precisa ser engenharia, principalmente porque você parece “sonhar grande” e deseja fazer alguma contribuição significativa nesse setor. Qualquer curso técnico seria muito fraco e não permitiria com que você tivesse qualquer autoridade para fazer uma contribuição de peso nesse setor. Mantenha em mente que neurociência não conduz à neurotecnologia, sendo uma área da psicologia, então evite esses cursos.

      Para decidir exatamente em qual área da neurotecnologia que você deseja entrar, eu recomendo que você faça pesquisa nos sites das universidades internacionais (neurotecnologia no Brasil é praticamente inexistente) e veja com que setor você se identifica mais. Por exemplo, implantes no corpo e cérebro (como microchips) é uma área que emprega largamente engenheiros mecânicos, eletrônicos, e da computação; nanotecnologia é a mesma coisa; há também uma área da neurotecnologia que lida com fármacos e soluções que visam solucionar problemas como dor crônica, e doenças neurológicas como mal de Parkinson. Nessa área emprega-se muitos engenheiros biomédicos, biológicos, e químicos, além de farmacêuticos.

      Mantenha em mente que em muitos casos para ter uma carreira satisfatória nessa área você precisará de mestrado e doutorado e possivelmente terá que buscar educação e emprego no exterior.

      Abraços,

      Diego

      Responder
  14. Olá ! Sou formanda em Pedagogia e aproveitei e estou fazendo pós graduação em psicopedagogia clínicae institucional e tbm uma pós em neurociências. Percebi que realmente é abordado muito sobre o desenvolvimento do cérebro do cognitivo para apendizagem, mas queria me aprofundar o que me indicaria

    Responder
  15. Olá! Sou estudante de enfermagem e gostaria de saber se há possibilidade de ser graduado em enfermagem e conseguir um doutorado na área de neurociência ou somente graduados em biologia – psicologia – medicina conseguem.

    Responder
    • Olá Emanoelle,

      Geralmente enfermagem não é considerada uma graduação propriamente dita e para entrar em doutorado, é muito fraca. Pense que doutorado é um emprego em pesquisa. Só entra em um doutorado quem já tem vasta experiência com pesquisa científica, adquirida durante a graduação e o mestrado. Não há pesquisa alguma em um curso de enfermagem, o foco é outro.

      Abraços,

      Diego

      Responder
  16. Eu quero ser neurocientista, hj sou formada em análise e desenvolvimento de sistemas, mas este sempre foi meu desejo… Quais passos devo tomar para chegar no doutorado de neurociência ?
    Quais opções de graduação, pós e etc…

    Responder
    • Olá Edilaine,

      Depende se você gosta mais da parte cognitiva ou da parte biológica da neurociência. A neurociência cognitiva, que é o que a maioria das pessoas associa com o termo ‘neurociência’ (“como o cérebro funciona, como o cérebro afeta o comportamento, memória, etc.) é subcampo da psicologia. Nesse caso, você deveria fazer faculdade de psicologia e durante o curso é muito importante fazer estágios em laboratórios de psicologia cognitiva dentro da faculdade e conseguir o maior número de participações em publicações científicas. A partir daí, você deve fazer um mestrado em psicologia cognitiva ou neurociência cognitiva e depois parte para um doutorado. Nesse campo, contatos e experiência com pesquisa científica são fundamentais. Se você gosta mais da parte biológica, como por exemplo, a neurobiologia do cérebro, doenças como Alzheimers, Parkinson, e outras doenças neurodegenerativas, o caminho é pela biologia. De qualquer forma, a neurociência é altamente experimental e por isso ao fazer outra graduação, você deve se focar ao máximo em participar de atividades de pesquisa dentro da universidade (trabalhar em laboratórios, participar de eventos expondo trabalhos, etc.), e fazer amizade com professores que no futuro podem te indicar para um doutorado e escrever cartas de recomendação pra você.

      Abraços,

      Diego

      Responder
  17. Texto interessante, embora muito esdrúxulo. Você explica bem as coisas mas é muito ignorante no que tange ao que deve ser apenas decisões pessoais. Comentarios do tipo “vc deve pesquisar mais” não fazem sentido. Afinal, estar nesse site, buscando conhecer já não é o pesquisar mais que voce exige?

    Texto maravilhoso, embora seu posicionamento seja ignorante =)
    De todo modo, obrigado pelas informações.

    Responder
    • Olá Vitória,

      Não. Se você está interessada em depressão e outros distúrbios mentais, estude psicologia. Veja que psicólogos não são apenas clínicos. Muitos psicólogos se dedicam à pesquisa científica. A faculdade em si de neurociência é mais uma enganação do que um curso sólido que oferece uma carreira de fato. O curso é uma combinação de psicologia e biologia, contudo, você não se forma nem psicóloga, nem bióloga. Então, se você está considerando uma graduação nessa área, esqueça. Veja que neurociência cognitiva é subdivisão da psicologia. A neurociência propriamente dita se foca no nível celular e molecular, o funcionamento biológico do cérebro e sistema nervoso, e não estuda transtornos mentais ou comportamento. De qualquer forma, essas áreas só estão disponíveis no nível acadêmico do doutorado. A minha recomendação é fazer psicologia e depois mestrado e doutorado específicos para a área que você sente maior atração. Também mantenha em mente que desejo de “estudar” alguma coisa como profissão significa que você será professora universitária e pesquisadora acadêmica. Se não é isso o que você quer, refine suas ambições profissionais.

      Abraços,

      Diego

      Responder
  18. Olá, gostaria de saber qual sua opinião sobre o Bacharel em Neurociência da UFABC, vale a pena? Pretendo trabalhar com Inteligência artificial, então logo após o curso quero fazer bacharel ou pós em ciências da computação. O que acha?

    Responder
    • Olá Felipe,

      Na minha opinião, esse é um diploma difícil de “marketear” depois de formado. Você não sai da faculdade “neurocientista” só porque fez neurociência. Você também não pode trabalhar na área, pois essa área exige doutorado por ser estritamente acadêmica. O curso de bacharel em neurociência nada mais é do que uma combinação dos cursos de psicologia e biologia, contudo, você não se forma nem psicólogo, nem biólogo. Outro ponto, o curso em si de neurociência não tem nada a ver com inteligência artificial. Se você quer trabalhar nesse ramo, você precisa que sua formação principal seja em ciência da computação ou alguma engenharia ligada à área como mecânica, eletrônica, ou computação. Uma mera pós em ciência da computação não adiantaria. O contrário, contudo, pode funcionar. Bacharel em ciência ou engenharia da computação e pós em neurociência – apesar de que uma pós nessa área não seria muito útil para inteligência artificial. Um mestrado em automação seria mais relevante. Lembre-se que pós graduação são cursos fracos, geralmente para dar uma “colorida” no currículo e funciona melhor em áreas como humanas e ciências sociais. Se você quer conhecimento de verdade, e cacife em seu currículo, prefira sempre mestrado.

      Abraços,

      Diego

      Responder
  19. Olá, Diego
    Sua objetividade é inspiradora.
    Muito grata….
    Por conta dela, será muito considerável sua sua opinião sobre bacharelado em psicopedagogia. ( mais uma enganação?) Haja vista, logicamente envolver conhecimentos da psicologia e pedagogia, mas sendo o objeto de estudo a aprendizagem humana e embora “diga-se” poder atuar nas áreas clinica e institucional, será esta uma realidade palpável??

    Responder
    • Olá Ana Claudia,

      Você pode estudar o que você quiser. A grande pergunta é com o que você quer trabalhar depois de terminar de estudar? Se você se interessa por psicopedagogia, veja qual o campo de trabalho, qual o salário médio, que tipo de atividades esse profissional desenvolve. Psicopedagogos geralmente trabalham em escolas, ganham muito pouco, e o campo de trabalho é bem restrito (há muitos psicopedagogos desempregados). Nos artigos em que falo sobre orientação vocacional, uma das minhas dicas é não se focar no que você gosta de “estudar”. Falcudade é só alguns anos. E depois? Você fica com um diploma que te permite fazer o quê? A atração deve ser por essa atividade, não pelo estudo que você fará brevemente na faculdade. Bacharel em psicopedagogia não é uma “enganação” como é o bacharel em neurociências, mas oferece uma carreira com opções bem limitadas.

      Abraços,

      Diego

      Responder
  20. Olá,
    gostaria de tirar algumas dúvidas
    Irei fazer vestibular e estou muito na dúvida sobre que curso escolher.
    Estou na dúvida entre química e medicina, pois essa última me possibilitaria um contato social maior (o que não se vê tanto no meio de pesquisas), além de áreas acadêmicas que sou apaixonada como biologia e química,isto é, se fizer med acabarei tendo contato com química e bioquímica. Porém, se eu optar por fazer química uma especialização que me atrai é neurociência, um pouco mais especificamente neuroquímica, porque talvez seja a área que mais se aproxima da atuação de um médico.O maior conflito com química são as poucas formas de atuação, já que, engenharia e licenciatura não me interessa.
    enfim, o que gostaria de saber é se eu fizer pós em neurociência como atuarei no dia dia?
    é uma área que terei mercado de trabalho?é bem remunerada?

    obs: é que as maiores formas de ingresso que vejo em neurociência é através de biologia ou psicologia, não vejo muito por química

    obs: se possível fazer um post sobre as diversidades químicas

    Responder
    • Olá Aline,

      Algo que eu sempre recomendo nessas questões de escolha de profissão é não pensar nas matérias que você gosta na escola, mas sim no que especificamente o profissional daquela profissão faz, qual o estilo de trabalho, em que ambiente ele trabalha e aí pensar se tudo isso bate com a sua personalidade. Profissão no dia-a-dia é mais atividade do que conteúdo. Muita gente acaba fazendo licenciatura porque gosta da matéria no colégio, mas depois se sente frustrado a vida inteira porque nunca quis ser professor. Não que ser professor não seja desejável, mas o que quero dizer é que tem gente que nem sequer pensa que licenciatura conduz à docência. Da mesma forma, um médico não vai trabalhar com química ou biologia, ele vai atender pacientes com suas várias queixas ou fazer cirurgia se for cirurgião ou exercer a prática de qualquer outra atividade médica.

      O período da faculdade é muito curto comparado com a vida inteira em que você passará trabalhando na prática com o que escolheu, então esqueça as matérias e pense na sua personalidade. Você gosta de lidar com gente ou é mais quieta, introvertida? Você gosta de solucionar problemas difíceis ou é mais prática e gosta de por a mão na massa e “fazer coisas”? Você gosta de estudar profundamente os assuntos, costuma ler mais sobre os assuntos da escola do que o que é necessário? Respostas a este tipo de pergunta revela o seu perfil profissional.

      Você parte do princípio de que medicina iria lhe propiciar mais sociabilidade, mas não necessariamente. A vida acadêmica pode ser muito social. O acadêmico nunca trabalha sozinho. Além de dar aulas, ele precisa estar constantemente socializando com seu departamento e área no mundo todo, indo a eventos, cocktails, jantares, etc., para manter o social com as pessoas na mesma área de pesquisa.

      Química geralmente não é uma boa escolha se sua meta é a neurociência. Neurociência é subdivisão da psicologia num sentido mais amplo (“como o cérebro funciona”) e da biologia nas áreas mais específicas (estudo do mal de Parkinson ou Alzheimer’s por exemplo). Bioquímica geralmente é buscada por graduados em biologia, não em química. A faculdade de química é mais focada na inorgânica (química das coisas “mortas”) do que na orgânica (química dos seres vivos). Quem é formado em química e não é professor geralmente vai trabalhar em fábricas de produtos inorgânicos (tintas, tecidos, gasolina, petróleo, plástico, etc.). Para ir para a área biológica/neuroquímica a pessoa precisaria complementar com mestrado/doutorado em biologia ou bioquímica pois o aluno de química tem muito pouco contato com a parte orgânica. Pós-graduação não serve nessas áreas.

      Pós em neurociência é mais uma enganação do que uma formação de fato. Pós em geral não serve pra nada. Às vezes um aumento de salário, ou uma promoção, mas nada mais sério. Para trabalhar com neurociência, você precisa de doutorado. Nesse caso você precisa definir o que exatamente quer fazer nessa área, pois neurociência não é uma área em si, é uma subárea de algo mais amplo, como eu disse, psicologia ou alguma área da biologia. Geralmente quem tem doutorado em psicologia cognitiva pode se “autodenominar” neurocientista, por exemplo. Contudo, o estudo da pessoa foi em psicologia, não em neurociência. Tem alguns campos bem específicos da biologia que lidam com neurociência diretamente, como estudo de biotecidos, usados por exemplo para regeneração em pessoas queimadas. Tem a área da robótica que lida com neurociência para desenvolvimento de inteligência artificial. Nesta página do MIT: https://bcs.mit.edu você pode ver o que está sendo feito hoje em dia na área de neurociência e ciências cognitivas.

      O dia-a-dia de um neurocisntista depende do que exatamente ele faz, se é área cognitiva, se é biológica, se ele trabalha na iniciativa privada ou na academia. Isso também depende de onde você mora, pois no Brasil quase não tem campo para neurociência, nem cognitiva nem biológica fora das grandes universidades. Salários também dependem de quanta formação ele tem e se trabalha em empresa ou se é acadêmico. Mas em geral não é salário milionário não (definifivamente ganha menos que médico, só para comparação).

      Eu acho que você tem que dar uma pesquisada melhor sobre as profissões em si, focando nas atividades, não no conteúdo. Por aí você vai vendo o que “combina” com você e o que você não gostaria de fazer. Estou aqui para te ajudar nesse processo!

      Um abraço,

      Diego Meille

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