Amar a si mesmo é o ponto inicial da jornada

William Johnson

Muitos mitos e interpretações incompletas cercam o assunto autoestima e é importante clarear os principais conceitos para que você comece sua jornada em direção à excelência pessoal com o pé direito. Em primeiro lugar, podemos começar explorando a idéia de que não existe “auto-estima demais” e de que amar a si mesmo, de forma alguma implica ser narcisista ou egocêntrico.

Começo explicando esse ponto, pois muita gente parte do princípio de que pessoas com “muita autoestima” são aquelas que esbanjam energia, são extorvertidas, exercem poder sobre os demais e não raro são arrogantes e egocêntricas. É claro que não podemos jogar todo mundo com as mesmas características dentro do mesmo saco, mas a personalidade que vem em mente que se pensa em “auto-estima” para a maioria das pessoas não revela estima de fato. A verdade é que muitas dessas pessoas extrovertidas, falantes e entusiasmadas podem muito bem sofrer de baixa auto-estima e esse comportamento empipocado releva justamente uma necessidade gritante de atenção alheia, que nada tem a ver com auto-estima!

Mas vamos voltar a fita um pouco mais para entender como chegamos nessa conclusão! É um mito popular confundir auto-estima com narcisismo, ou seja, em linguagem popular, a pessoa que se acha o máximo, o rei da cocada preta. Amar a si mesmo de verdade está muito longe do narcisismo. Amar a si mesmo, acima de tudo, é conhecer a si próprio a ponto de tolerar as próprias falhas, gostar da pessoa que se é incondicionalmente, sentir-se bem na própria pele.

Para entender esse conceito de amor próprio incondicional, procure pensar na vontade mais básica humana de ser amado por outros pelo que se é. Não gostamos quando percebemos que outras pessoas gostam de nós não pelo que somos, mas por um detalhe secundário, que pode ser aparência, dinheiro, poder, status social, etc. Queremos ser apreciados como seres humanos, queremos ser amados incondicionalmente, quer tenhamos alguma vantagem a oferecer ou não. Se isso realmente ocorre nas relações inter-sociais, é outra conversa, mas que queremos que as pessoas gostem de nós pelo que somos por dentro, não podemos negar!

A verdadeira auto-estima, ou melhor, o que podemos chamar de “auto-estima sadia” é quando gostamos de nós mesmos pelo que somos, quando nosso amor por nós mesmos é incondicional.

O narcisista não sente esse amor. Ele pode gostar de si mesmo, no sentido de “se achar o máximo”, condicionalmente, ou seja, ele exige certas posturas e condições de si mesmo para que esse amor perdure. O que o narcisista sente por si mesmo não é amor realmente. É mutio comum vermos traços de perfeccionismo e neurose em pessoas que são narcisistas. A pessoa gosta de si mesma se ela for perfeita, no momento em que ela percebe (ou que ela acha que os outros estão percebendo) que ela tem um defeito ou que seu grau de perfeição não é o mais alto possível, ela entra em neurose. É por isso que dizemos que esse tipo de pessoa tem uma falsa auto-estima. Aparentemente a pessoa gosta de si mesma, gosta tanto que “se acha o máximo”, mas isso é só uma fachada. No momento que a máscara cai ela desmorona. Depressão, distúrbio bipolar e ansiedade são comuns em pessoas que apresentam essas características. A pessoa exige tanto de si mesma, que não se aceita quando ela, ou as situações em sua vida, não batem com o ideal que ela tem em mente.

Compreender esse ponto é importante para saber distinguir o que é realmente um caso de auto-estima sadia e o que é simplesmente uma pessoa que está colocando um showzinho e fingindo para ela e para o mundo que ela está de bem com a vida e é muito bem resolvida. Essa compreensão ajuda a entender que para desenvolver a auto-estima, você não precisa se tornar esse tipo de pessoa. Extroversão e sociabilidade não tem nada a ver com auto-estima.

O primeiro passo para construir os blocos de sua auto-estima é fazer um levantamento dos motivos pelas quais você gosta menos de si mesmo. O que faz com que você se decepcione consigo? Onde você pisa na bola? Anotar essas questões faz com que você tenha uma idéia mais clara da própria realidade. O objetivo não é descobrir esses pontos para que você possa saná-los e aí sim, você pode gostar mais de si mesmo. Não! Se o objetivo é gostar de si mesmo pelo que se é, você precisa aprender a aceitar-se com todas as suas falhas. Num primeiro momento, contudo, é necessário olhar para si mesmo sem receios, sem colocar esses pontos obscuros para baixo do tapete.

Aceitar-se como você é, entretanto, não deve ser motivo para largar mão da busca de melhorias e aprimoramento! Veja bem que toda a diferença está no foco. O narcisista tenta ser perfeito, mas perfeito ninguém é, por isso é que ele fica neurótico quando algo em sua vida dá errado ou quando ele não se demonstra tão perfeito quando acredita ser. O foco do desenvolvimento pessoal está no próprio impulso de evolução do ser humano, na vontade de melhorar e crescer, porém, sem paranóia, sem buscar qualquer tipo de condição perfeita.

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4 comentários em “Amar a si mesmo é o ponto inicial da jornada”

  1. De fato, a diferença entre auto-estima e narcisismo é muito tênue, venho observando há muito tempo como as pessoas (num passado até que nem tão distante) até mesmo eu, confundem ambas as situações.
    Penso que muitas vezes, o responsável é o fato de os pais, tutores, professores, amigos, nos fazerem acreditar em coisas que, em verdade não existem. Ou dizem que somos “maravilhosos”, “perfeitos”, “insubstituíveis”…ou afirmam com frequência que somos “nada” em forma de gente, “fracassados” por natureza”, “predestinados” ao sofrimento; seja por carma, por possuir uma natureza ruim, ou por uma herança maldita oriunda dos antepassados ou vidas passadas.
    Como se já não bastasse, ainda há os veículos (tv especialmente) com suas novelinhas pobres em enredo, filmes com temas polêmicos sem começo-meio e fim, jornalismos e programas dizendo que só é feliz quem é “magro”, “bem sucedido”, “bem casado”, “estabelecido financeiramente”. …..

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  2. Adoro o site e os textos contribuem também para q a gente entenda melhor também com quem convivemos, mas acho dificil a pessoa vítima de vários traumas, sentir-se realmente segura e saber quem é e deixar de se preocupar com o que os outros dizem que deveria ser.

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