Como sua vida é um reflexo dos seus pensamentos

Franciane Ulaf

Pensamentos mindset

Muita gente olha para esse tipo de afirmação com desconfiança e descrença, afinal de contas, pensamento é algo que não podemos medir e, muitas vezes, nem avaliar de forma objetiva. Tendemos a acredita que os resultados que obtemos na vida são matéria de oportunidade, esforço pessoal e circunstância. Quando algo não dá certo – ou nem acontece – culpamos a nós mesmos (não nos esforçamos o suficiente, não fomos persistentes, nos dispersamos, etc.), as circunstâncias (não era a hora certa, a economia não vai bem, etc.), ou terceiros (minha família, meu chefe, meus colegas de trabalho). Raramente, contudo, refletimos sobre o impacto dos nossos processos mentais em cima dos nossos fracassos. A maioria de nós, inclusive, nem sequer consegue identificar a natureza desses processos de pensamento, quanto mais observá-los e investigá-los.

A realidade, entretanto, é que mais forte do que os nossos próprios recursos internos (foco, persistência, coragem) e externos (circunstâncias, oportunidades, pessoas) são as nossas linhas de raciocínio, a forma específica como pensamos e raciocinamos.

Das nossas conversas internas à forma como avaliamos uma oportunidade, um sonho ou uma ameaça, os resultados que obtemos na vida dependem primariamente do jeito específico com que analisamos e tiramos conclusões a respeito do mundo à nossa volta. Somente depois dessa avaliação é que entram os recursos pessoais como persistência e foco e os externos como condições individuais e ambientais.

De uma forma bem básica, temos o perfil positivo e o negativo que conseguimos identificar facilmente nas pessoas. Pessoas com mentalidade negativa tendem a interpretar tudo como uma dificuldade, uma ameaça, um problema. Isso reflete naturalmente em seus potenciais internos. Se ela acha que o desafio vai ser muito difícil, a carga em cima de sua capacidade de persistência e foco serão imensamente mais altas do que em uma pessoa com mentalidade positiva, que vê o mesmo desafio com vontade entusiasta de enfrentá-lo. No decorrer do tempo em que a meta está sendo buscada, a pessoa negativa se esgota com muito mais facilidade, se estressa, se preocupa, podendo até mesmo somatizar alguns efeitos psicológicos no próprio corpo. A pessoa positiva enfrenta as mesmas dificuldades com bom humor, também se estressa, também se preocupa, mas lida com isso de forma mais proativa, mais leve e no final das contas, tem mais “gás” para conseguir cruzar a linha de chegada. A pessoa negativa, muitas vezes, desiste no meio do caminho pois “não aguenta mais”.

Essa visão parece extremamente simplista, e obviamente, na prática, “negativo” e “positivo” se entrelaçam em personalidades que possuem os dois lados, mas tendem mais para um lado do que para o outro. Mas como avaliamos qual o nosso caso?

Uma das formas mais diretas de medir nosso grau de “positividade” e “negatividade” é perguntando para pessoas próximas. Uma simples pergunta, explicando que você está fazendo um exercício de autoconhecimento e deseja a sinceridade do outro, pode resultar em alguns insights sobre aspectos que você não consegue enxergar. Como é algo muito simples e que não dá margem para “outras interpretações” (ou você é “mais” positivo ou é “mais” negativo e as pessoas ao seu redor sabem para qual dos lados você pende!), é fácil obter um feedback rápido dos outros, conquanto eles sejam realmente sinceros! O ideal nesses casos é não colocar pressão no outro, nem argumentar contra a resposta (poxa, Fulano, você acha mesmo que eu sou negativo? Por quê???). Evite revidar! Faça sua pergunta, talvez até por email para deixar os outros mais confortáveis, e não responda além de um “muito obrigado”.

Outra técnica é manter um diário pessoal. Hoje em dia, muitas pessoas mantêm diários no computador, seja em arquivos de texto ou e sites com proteção de senha. Manter seu diário online, protegido com senha, é uma boa forma de liberá-lo mentalmente para se sentir livre para registrar absoltamente tudo, sem medo de que alguém encontre seu diário e leia seus “segredos”! Ao longo do tempo, você poderá notar padrões em suas anotações:

– Você está sempre reclamando das coisas que acontecem em sua vida?

– Você se põe pra baixo o tempo todo, se criticando pelos feitos no dia-a-dia?

– Você dedica seu diário a falar mal dos outros e o quanto “eles” impactam negativamente sua vida?

– Você tem um perfil esperançoso, falando dos seus sonhos e metas, como se toda a sua vida ainda estivesse para acontecer no futuro? (um dia, quando XXX acabar, eu vou fazer isso. / Um dia, quando eu tiver dinheiro, eu vou fazer aquilo. / Se me dessem uma oportunidade, eu poderia mostrar do que realmente sou capaz).

– Você se coloca na posição de vítima, confidenciando ao seu diário as injustiças que são feitas contra você no dia-a-dia? (o colega que roubou sua ideia, o chefe que não reconhece seu esforço, os pais que demandam muito a sua atenção e não se dão conta de quão ocupado você é).

– Você se contém aos fatos, informando ao diário o que aconteceu em sua vida, mas sem maiores detalhes e sem revelar qualquer emoção para com os ocorridos?

Todos nós passamos por altos e baixos, isso é normal. Por esse motivo, é importante dar ao diário tempo ao tempo. Podemos passar por fases em que estamos tão deprimidos que acabamos nos colocando na posição de vítima e não conseguindo enxergar nossos potenciais. Um dado como esse é importante em uma avaliação de mentalidade, mas é importante verificar as mudanças ao longo do tempo. Se essas mudanças não ocorrem e você permanece em uma posição negativa por muito tempo, isso deve funcionar como um alarme para avisá-lo de que esse tipo de postura mental é que está atravancando sua vida. Uma postura mental inadequada tem o poder de tomar conta de toda a sua personalidade. Não adianta persistência, não adianta foco, não adianta ajuda alheia, oportunidade, dinheiro, reconhecimento, não adianta nada. Uma pessoa com a postura mental errada jamais vai conseguir “consertar” sua própria vida e a tendência é que continue descendo em um espiral com o passar do tempo.

Por último, uma das mais comuns técnicas recomendadas por psicólogos para observarmos nossa postura mental: avaliarmos nossa conversa interna. Nem sempre é fácil conseguirmos nos pegar nesses diálogos a fim de observar nossa interação conosco! Essas conversas geralmente ocorrem quando não estamos atentos, nem mesmo ao que estamos pensando. Ficamos tagarelando mentalmente, fazemos observações sobre as coisas, relembramos diálogos que já ocorram com outras pessoas, simulamos conversas que estão para acontecer com os outros – ou o que gostaríamos de dizer a eles! O diário ajuda muito nessa questão, mas conseguir pegar alguns “trechos” dessa conversa interna pode revelar profundos insights a respeito dos nossos processos mentais e o perfil da nossa linha de pensamento:

– Você é mais otimista ou mais pessimista?
– Você julga muito as pessoas?
– Você é muito vingativo (mesmo que só mentalmente)?
– Você se ressente muito facilmente com as reações das pessoas?
– Você se melindra com acontecimentos negativos e se fecha em um casulo?

Essa lista vai longe. Podemos tirar várias conclusões ao observarmos o que pensamos na surdina das nossas próprias reflexões. É importante, contudo, anotar quando nos damos conta de algum pensamento que foi capturado pela mente consciente. São essas anotações, assim como o diário, que nos fornecem a visão de conjunto no longo prazo sobre o padrão dos nossos pensamentos.

E quando identificamos – ou já sabemos – que temos um padrão de pensamento negativo?
Estar consciente da própria postura mental já é algo muito poderoso! Todo esse exercício investigativo já nos torna mais alerta para o aqui e agora e esse processo de auto-observação nos leva a nos pegar cometendo erros no ato! Na hora, temos oportunidade de revertermos o pensamento e a perspectiva sobre a situação. Nos damos conta de quão patéticos estamos sendo ao nos enxergarmos como vítimas ou choramingarmos porque não nos consideramos capazes de fazer ou conquistar algo. Na hora podemos mudar o pensamento. Com o tempo, isso se torna um hábito e esse hábito reflete naturalmente nos resultados que começamos a obter. Os resultados, por sua vez, nos fornecem autoconfiança e confirmação de que realmente “podemos” e isso se torna um sistema retroalimentador positivo, ao invés de negativo.

O impacto é sentido em todos os aspectos da vida, em nossos relacionamentos, na forma como lidamos conosco – a autoestima é automaticamente levantada – as nossas conquistas, os resultados que obtemos e essa espiral de positividade tende a se expandir e criar continuamente ainda mais sucesso e prosperidade.

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8 comentários em “Como sua vida é um reflexo dos seus pensamentos”

  1. Olá Fran e amigos, esse artigo nada mais é, que o retrato de muitos cidadões pelo mundo, onde a cada dia mais as oportunidades estão se esvaindo e dando vez para PORTUNIDADE,ou seja quem fizer mais barato pega a conta ou o emprego. Isso esta levando os capacitados a ficarem á margem de seus valores.
    Parabéns Fran, por mais um artigo capaz de ajudar muita gente se posicionar!

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  2. Adorei seu artigo. É como ultimamente ando pensando, depois de muito tempo analisando meus pensamentos. Realmente, quando surge um pensamento negativo, sinto no mesmo instante um aperto interno, mostrando o quão mal esse pensamento me faz e, principalmente, como reflete em minhas ações.

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  3. Muito valioso o artigo. Te mostra sem frescura que você pode e deve tomar a dianteira da sua mentalidade. Me identifiquei com várias situações “negativas” citadas pela autora!

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  4. Incrível como a gente vai se identificando no decorrer da leitura, o texto nos da claridade de idéias e sem hipocrisia podemos admitir as nossas falhas, as questões levantadas sao rotineiras. A idéia do diário e maravilhosa vou tentar concertesa.

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  5. Fantástico! Muito enriquecedor! Sou psicóloga e ja havia lido alguns livros que falam sobre como o pensamento influencia diretamente a nossa vida e esse artigo me ajudou a enriquecer ainda mais o conteúdo! De fato precisamos nos preocupar com a forma como pensamentos, com o nosso autoconhecimento para que consigamos dar sequência aos nossos projetos e planos.

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  6. Adorei esse texto, O que mais e chamou atenção e veracidade de tudo que vc escreveu e como é motivador até mesmo para mim que com 75 anos preciso recomeçar por aí
    Obrigada Chris

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  7. Os pensamentos, de fato, principiam e dão forma aos resultados. Entende-se que o processo do pensar envolve a sequência: pensamentos geram sentimentos, que geram comportamentos que geram ações e que, finalmente, geram resultados. Considerando que os pensamentos são gerados da programação Mental (positiva ou negativa) residente em nós.

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