“São muitas as pessoas que, por alguma razão, planejam, planejam, planejam por anos e nunca partem. Com as mais curiosas explicações: ou procurando aperfeiçoar cada vez mais um plano, uma viagem, ou aguardando o momento apropriado. Certamente, as âncoras imaginárias acabam prendendo muita gente e isso faz com que seus projetos nunca sejam realizados.” Amyr Klink
Se há uma fraqueza pessoal que pode boicotar o melhor planejamento, é o perfeccionismo. Em primeiro lugar, é preciso definir e situar o perfeccionismo. O perfeccionismo em si é uma doença muitas vezes ligada à arrogância e ao medo de errar. Tudo deve ser perfeito, não se admite erro, mudança.
O perfeccionista geralmente defende sua posição analisando somente o binômio perfeição-displicência. Para ele não existe meio termo: ou se é perfeito em tudo o que se faz, ou se é totalmente displicente, negligente e despreocupado.
A opção saudável e equilibrada, contudo, é a atenção aos detalhes. Há a preocupação com a qualidade, nos mínimos detalhes, sem a obsessão de que tudo esteja perfeito, de forma irrealista. Nesse caso não se é displicente, mas também não há a doentia preocupação em não errar. Portanto, a pessoa que faz tudo com qualidade nos mínimos detalhes não é necessariamente perfeccionista, apesar de ser identificada como tal.
O perfeccionista está mais preocupado em manter as aparências, em se mostrar superior do que com o resultado em si. O detalhista analisa a fundo todas as variáveis e procura diminuir ao máximo as possibilidades de falhas, mas não entra em processo de “autoculpa” caso algo não saia como planejado.
Outro aspecto negativo legado ao perfeccionismo é a procrastinação. Milhares de desculpas e explicações lógicas são criadas para adiar algo que já está pronto para começar. O que acaba acontecendo é que os planos nunca saem da gaveta. Ou, quando saem, já passou a hora de serem executados, a oportunidade já se foi.
O perfeccionista jamais admitirá que sua verdadeira preocupação é com a opinião alheia, há um medo inconsciente de que suas falhas sejam expostas, de que “descubram” que ele é tão normal quanto qualquer ser humano.
Infelizmente, o perfeccionismo é encarado muitas vezes como qualidade e não como defeito, incentivando as pessoas a colocarem padrões irreais para seus planos e atividades. É aquela preparação que nunca passa para a ação, é o par ideal que nunca aparece, é a solução que é encontrada quando já não é mais necessária, é o projeto que consome três vezes mais tempo e recursos do que o planejado.
O tão valorizado perfeccionismo acaba sendo um fardo a ser carregado quando o comportamento obsessivo do indivíduo impede que os resultados sejam alcançados na forma e no tempo desejados. Individualmente, a pessoa perde ótimas oportunidades na vida, causa problemas em seus relacionamentos familiares e pessoais e acaba não conquistando nada na vida, pois atitudes ousadas, desprendimento, iniciativa e despojamento – comportamentos associados ao sucesso – não são compatíveis com o perfeccionismo.
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Franciane Ulaf é administradora e psicóloga, especializada em psicologia evolutiva. Atualmente, Franciane é mestranda em psicologia na Universidade de Harvard. Sua linha de estudos investiga as raízes evolutivas da natureza humana. Franciane escreve sobre comportamento humano, produtividade, psicologia, biologia e evolução.
Eu me acho perfeccionista, com isto considerava que era o máximo agir desta forma, só que em paralelo, sentia que causava desconforto, conflitos, principalmente no ambiente familiar, e quando erro, geralmente procuro justificativas, passando para as pessoas, mas no intimo a irritação é comigo mesmo, e isto deixa-me irritado por horas, dias até, lendo este artigo, entendi e concordo que o perfeccionismo exarcebado é uma doença, portanto, daqui pra frente farei exercicios mental para transformar o perfeccionismo em detalhes, sem stress.
SDS
Mauricio Nilo