Os cinco Pilares da autodisciplina: Parte VI – Persistência

Steve Pavlina

Nada no mundo pode substituir a persistência. O talento não pode; não há nada mais comum que homens talentosos e sem sucesso. A genialidade não pode; gênios não recompensados viram provérbios. A educação não pode; há muitas pessoas educadas sem rumo. A persistência e a determinação sozinhas são onipotentes. O slogan “Siga em frente” resolveu e sempre resolverá os problemas da raça humana. – Calvin Coolidge

A persistência é o quinto e último pilar da autodisciplina.

O que é persistência?

Persistência é a capacidade de continuar agindo sem se importar com os seus sentimentos. Você segue em frente mesmo que tenha vontade de desistir.

Quando você trabalha por qualquer grande objetivo, sua motivação sofrerá altos e baixos, como ondas quebrando na praia. Às vezes, você vai se sentir motivado; às vezes, não. Mas não é a sua motivação que vai produzir resultados – são as suas ações. A persistência permite que você continue agindo mesmo quando você não se sente motivado e, portanto, permite que você continue acumulando resultados.

A persistência, por fim, vai providenciar a você sua própria motivação. Se você simplesmente continuar agindo, você vai eventualmente atingir resultados e resultados podem ser muito motivadores. Por exemplo, você pode ficar muito mais entusiasmado com relação a dietas e exercícios físicos depois de ter perdido os primeiros 5 kg e sentir que suas roupas estão mais largas.

Quando desistir

Você deve sempre persistir e nunca desistir? Certamente que não. Às vezes, desistir é claramente a melhor opção.

Você já ouviu falar de uma empresa chamada Traf-O-Dat? E Microsoft? Ambas as empresas foram iniciadas por Bill Gates e Paul Allen. Traf-O-Dat foi a primeira empresa que eles começaram, em 1972. Gates e Allen a mantiveram por vários anos antes de jogarem a toalha. Daí eles desistiram. Naturalmente, eles se deram um pouco melhor com a Microsoft.

Então quando você sabe quando continuar e quando desistir?

Seu plano ainda funciona? Se não, atualize-o. Seu objetivo ainda é o mesmo? Se não, atualize-o ou abandone-o. Não há mérito algum em agarrar-se a um objetivo que não o inspira mais. Persistência não é sinônimo de teimosia.

Essa foi uma lição particularmente difícil para eu aprender. Eu sempre acreditei que nunca se deveria desistir, que quando você tem um objetivo, você deve se ater a ele até o fim. O capitão afunda com o navio, afinal de contas. Se eu falhasse em concretizar um projeto que havia começado, eu me sentia muito culpado.

Eventualmente, eu descobri que isso não faz sentido.

Se você está realmente crescendo como ser humano, então você sempre será uma pessoa diferente do que era no ano anterior. E se você busca desenvolvimento pessoal conscientemente, as mudanças frequentemente serão dramáticas e rápidas. Você não pode garantir que os objetivos que tem hoje serão os mesmos daqui a um ano.

Meu primeiro trabalho foi o Dexterity Software. Eu o comecei em 1994, logo depois de acabar a faculdade. Mas depois de trabalhar nele por mais de uma década, eu estava pronto para algo novo. Eu ainda trabalho com o Dexterity, mas ele não tem minha atenção em tempo integral mais. Levo apenas uma ou duas horas por semana para mantê-lo, parcialmente porque eu o fiz para que fosse o mais autônomo possível e me render um retorno passivo. Foi bem sucedido até o ponto em que eu queria que ele fosse. Poderia ter crescido muito mais, mas eu sabia que não queria passar o resto da minha vida fazendo jogos de computador. Criar minha própria empresa de jogos era meu sonho quando eu tinha 22 anos e depois de fazer uma dúzia de jogos, eu sinto que atingi esse objetivo. O Steve de 22 anos está bem satisfeito. Mas hoje eu tenho sonhos diferentes.

Para abrir espaço para novos objetivos, nós precisamos deletar ou completar os antigos. E às vezes os novos objetivos são tão convincentes e inspiradores que não há tempo para completar os antigos – eles precisam ser abandonados pela metade. Eu sempre achei desconfortável fazer isso, mas eu sei que é necessário. A parte difícil é decidir desistir conscientemente de um projeto antigo, sabendo que ele nunca será finalizado. Eu tenho um arquivo repleto de ideias e protótipos de jogos novos que nunca verão a luz do dia. Decidir conscientemente que esses projetos tinham que ser abandonados foi muito difícil para mim. Eu levei um tempão para conseguir lidar com isso. Mas fazê-lo era necessário para meu próprio crescimento.

Eu ainda tinha que resolver o problema de planejar objetivos que poderiam se tornar obsoletos em um ano por conta do meu crescimento pessoal. Como eu resolvi esse problema? Eu trapaceei. Eu descobri que a única maneira de eu ter objetivos de longo prazo que permanecessem seria se meus objetivos estivessem alinhados com meu próprio processo de crescimento. A busca por crescimento pessoal tem sido uma constante para mim, mesmo que esteja paradoxalmente em fluxo ao mesmo tempo. Então ao invés de tentar estabelecer objetivos fixos, como fiz com meu negócio de jogos, eu comecei a estabelecer objetivos mais dinâmicos que estivessem alinhados com meu crescimento pessoal. Meu novo negócio (meu website e trabalho como palestrante e consultor de desenvolvimento pessoal) me permite buscar meu objetivo em tempo integral e compartilhar o que aprendo com os outros. Então o próprio crescimento é o objetivo, tanto para mim quanto para os outros. Isso cria uma relação simbiótica em que ajudar os outros acrescenta o meu próprio crescimento, o que, por sua vez, gera ideias para ajudar os outros.

A busca direta e consciente por crescimento pessoal é o único tipo de missão que funciona para mim. Se eu fizesse de minha missão investir na bolsa de valores, por exemplo, eu provavelmente ficaria entediado em poucos anos. Como quero continuar crescendo indefinidamente, eu tenho que manter um certo nível de desafio e continuar aumentando-o continuamente. Não posso deixar as coisas ficarem muito maçantes, ou corro o risco de cair na condescendência.

O valor da persistência não vem do apego teimoso ao passado. Ele vem de uma visão do futuro que é tão convincente que você faria quase tudo que pudesse para torná-la real. A visão que tenho do meu futuro agora é muito melhor do que a que eu tinha com o Dexterity. Poder ajudar alguém a crescer e resolver seus problemas mais difíceis é muito mais inspirador para mim do que entreter pessoas. Esses valores começaram a tomar conta de mim enquanto eu fazia o Dexterity porque eu favoreci jogos de raciocínio lógico que desafiavam as pessoas a pensar, frequentemente deixando de lançar jogos que eu sabia que fariam dinheiro, mas que não seriam de muita valia para as pessoas.

A persistência de ação vem com a persistência de visão. Quando você tem tanta clareza daquilo que quer que essa visão não muda muito, você será mais consistente – e persistente – nas suas ações. E essa consistência de ações vai produzir consistência de resultados.

Você consegue identificar alguma fase em sua vida em que você demonstrou um padrão de persistência de longo prazo? Acho que se você consegue identificar uma fase assim, ela pode providenciar alguma dica para a sua missão – algo pelo que você pode trabalhar em que a paixão e a disciplina funcionam em sinergia.

Os cinco pilares da autodisciplina – partes anteriores:

– Parte 1 – Introdução

– Parte 2 – Aceitação

– Parte 3 – Força de Vontade

– Parte 4 – Esforço

– Parte 5 – Diligência

Parte 6 – Persistência – Você está aqui!

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17 comentários em “Os cinco Pilares da autodisciplina: Parte VI – Persistência”

  1. Excelente artigo. Chegou em um momento muito oportuno.
    Às vezes precisamos ser lembrados de que devemos fazer algo que sabemos fazer, mas não estávamos fazendo.
    Muito obrigado e parabéns pelo excelente trabalho.

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  2. Simplesmente perfeito para mim esse texto.Estou correndo atrás de novos objetivos,o que é muito desafiador!!!!!!!!
    Que suas idéias continuem iluminando o mundo!
    PARABÉNS
    Luciana
    Conselheiro Lafaiete,MG

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  3. Muito obrigada por essa matéria.
    Mais do que nunca percebi que tenho que mudar meus projetos antigos e egoístas.
    Mais uma vez o projeto que mais rende é o de servir, o retorno é certo.

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  4. Eu acho todos os artigos do Pavlina maravilhosos. O livro “pessoas inteligentes sabem o que querem” é muito inspirador. Porém eu sinto a necessidade de uma ajuda para me conhecer e me ajudar a alinhar minha vida conforme o autor ensina… e inspira…
    alguém conhece um profissional ou tem alguma dica??

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  5. Adorei essa materia as vezes precisamos de uma sacudida mental para retomar aquilo que perdemos ou esquecemos em determinado momento.
    Obrigada,
    Parabéns.

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  6. Gostaria de parabenizá-lo pelo exito em conseguir transmitir claramente estratégias e ideias para o desenvolvimento pessoal. Durante a leitura desse texto eu pude refletir sobre temas que jamais cogitei. Aprendi a aceitar meu déficit em disciplina, adquiri força de vontade, estou disposto a agir com bastante esforço e diligência sem esquecer da persistência para atingir meus objetivos. E assim alcançar meu desenvolvimento pessoal. Nesse momento tenho 17 anos e curso o ensino médio. Levarei esses conselhos para o resto da vida. Espero daqui a algum tempo poder retornar o contato para agradecer mais uma vez e ainda informar sobre as minhas grandes conquistas, caro escritor(a).

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  7. Amei o articulo , quase nunca deixo comentários quando leio algo na internet, mas o que aprendi com essa publicaçao me fez relembrar meus objetivos e a força que levo dentro , me dei conta de que nao sou tao indiciplinada como achei que era .. mas precisava de um empuraozinho em quanto a diligencia .Ler essa publucaçao me fez redesenhar meus planos e atuar com mas eficácia! Obrigado por seu trabalho, voce foi um enviado de Deus pra mim hoje.

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  8. Sinceramente, Obrigado. Você contribuiu para o Sucesso de milhares de pessoas, estando eu entre elas. Dou-lhe os parabéns e clamo para que todo esse bem retorne a você.

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  9. Muito obrigada por suas dicas!Eu até tenho essa visao clara do que quero -a essência de minha missão de vida.Mas até agora tenho procrastinado em muitas coisas importantes por deixar que meu estado de espírito defina se farei ou não o que tenho que fazer.Muito obrigada mesmo!

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  10. Compartilhar conhecimentos e experiências dessa forma, só pode partir de alguém altruísta na essência, obrigado pela generosidade, e por plantar essa boa semente.
    Abraço!

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  11. Obrigado por compartilhar de seu conhecimento, sei que não foi fácil adquiri lo mais foi de grande valia para mim e para muitos que o tomaram conhecimento de seu trabalho, continue assim com essa vontade de crescimento pessoal e motivando e melhorando a vida de muitas pessoas.

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  12. Maravilhoso o seu artigo. A gente encontra muita coisa na net, mas, pouca coisa presta realmente e seu artigo me ajudou na prática. Vc tem, realmente, um jeito muito didático de explicar as coisas e nos ensinar a colocar conceitos em prática. Obrigada!

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