Como uma técnica ensinada em Harvard pode ajudá-lo a melhorar sua vida e relacionamentos

Christina Wallace

Técnica Harvard - Balanced Scorecard

Eu sempre fui viciada em conquistas, mas só nos últimos anos me dei conta de que isso pode ser negativo. Cada ano, eu costumava definir metas no Ano Novo como “correr uma meia-maratona”. Naquele ano em particular, eu atingi minha meta. Eu ainda aumentei a meta para uma maratona completa porque a última tinha sido cancelada e eu não queria deixar passar.

Mas eu me tornei mais saudável no ano em que corri a meia-maratona? Provavelmente não. Eu não necessariamente treinei apropriadamente para a meia-maratona ou me alimentei melhor; eu nem curti a corrida tanto assim. Na verdade, eu defini essa meta porque uma empresa que eu tinha fundado tinha acabado de falir. Eu precisava de uma meta “maior que a vida” para me ajudar a me sentir como um super-herói de novo.

Essa mentalidade também me levou ao topo do Kilimanjaro em 2010 (para superar o fim de um relacionamento) e ao campo base do Everest em 2014 (para provar a mim mesma que eu sou boa o suficiente, depois de várias experiências negativas com namorados).

Mas enquanto eu passava minha noite de Réveillon tremendo de frio em meu saco de dormir fundo nos Himalaias, me ocorreu que eu não estava gastando meu tempo e energia em coisas que realmente me faziam feliz. Eu estava definindo metas simplesmente para atingi-las, o que acabava sendo mais vaidade do que progresso verdadeiro.

Então quando eu voltei a Nova York, eu lembrei de uma técnica que eu aprendi em Harvard chamada de “Balanced Scorecard”. Eu decidi adaptá-la para a minha vida pessoal.

O Balanced Scorecard

O Balanced Scorecard original foi criado no começo dos anos 90 por Robert Kaplan, professor de Harvard, e o consultor de negócios David Norton. O Scorecard é basicamente um modelo para avaliação e relatório da performance de uma empresa. O que foi tão revolucionário sobre essa ferramenta era que ela se focava em descobrir as prioridades estratégicas primeiro – por exemplo, “se tornar uma marca reconhecida internacionalmente” – e decidir que atividades poderiam ser realizadas para quantificar esse resultado depois. Ao invés de simplesmente se basear em medidas de performance que são fáceis de mensurar, como metas financeiras, o scorecard o obriga a olhar para o todo primeiro.

O mesmo princípio pode ser aplicado às nossas vidas pessoais. Pense em resoluções comuns de ano-novo como “perder peso” ou “economizar dinheiro”. Esse é o fim desejado, mas ele não explica “porque” você se importa com seu peso ou porque deseja guardar dinheiro.

Se a razão que o leva a desejar perder peso é ser mais saudável, você pode descobrir que é mais adequado medir seu progresso através de suas taxas de colesterol e triglicerídeos, dentre outros índices, do que um número na balança. Igualmente, se você quer economizar dinheiro para ter mais segurança e garantir seu futuro financeiro, pode ser uma melhor ideia pagar seus débitos com maiores juros do que guardar o que sobra. Em geral, quando você começa com o motivo, é mais fácil determinar “como” – quais metas e medidas devem ser usadas para atingir o fim que você está buscando.

Colocando meu scorecard em prática

Para criar meu próprio Balanced Scorecard, eu identifiquei quatro categorias que são mais relevantes em minha vida: finanças pessoais, saúde física, carreira, e saúde emocional. Em cada categoria, eu defini de 3 a 5 prioridades. Eu selecionei coisas em que eu posso agir no momento, ao invés de coisas que dependeriam de sorte ou recursos dos quais eu não disponho no momento. Eu evitei coisas como “publicar um best-seller” (vendas de livros dependem de outras pessoas comprarem o livro, não depende de mim, é mais “sorte” do que qualquer outra coisa); ou “conseguir com que meu irmão me pague o que ele me deve” (também não depende de mim). O mesmo vale para coisas como “ser promovido”, “encontrar um grande amor”, e tudo o mais que depende de sorte ou da atitude de outras pessoas.

O próximo passo foi definir medidas concretas para acompanhar meu progresso. Por exemplo, eu não poderia definir “ir mais para a academia”, pois isso é muito vago. Eu escreveria “fazer 2 treinos de musculação e 2 aeróbicos por semana” – melhor ainda, definir os dias e horários exatos em que cada treino será feito. Ao invés de “pagar minhas dívidas” eu colocaria “pagar a dívida X no valor de XXXX até a data XX/XX/XXXX, pagando XXX por mês”.

O que eu percebo é que quando nós temos dificuldades para encontrar essa exatidão nas metas, é porque não sabemos direito o que estamos querendo realizar. Quando não temos uma noção clara do motivo pelo qual estamos fazendo algo, ou não conseguimos conquistar nada ou conquistamos coisas à toa, como minhas metas passadas que só tinham o objetivo de inflar meu ego (subir o Everest, correr uma meia-maratona, etc.). Essa postura não nos impele para frente, apenas nos transforma em ratinhos de laboratório, sempre correndo atrás de uma recompensa, mas sem qualquer objetivo ou propósito.

Eu tenho usado o Balanced Scorecard em minha vida há dois anos e eu me sinto muito mais conectada com meu crescimento pessoal, me sinto mais feliz e realidade, além de menos estressada. No final de cada ano, eu avalio como está o progresso das minhas metas, usando um simples SIM ou NÃO para evitar autoengano (enganar a si mesmo, fingindo que progresso está sendo feito, quando na realidade a meta está empacada). Depois do primeiro ano, minha avaliação me fez mudar algumas metas que eram irrealistas como “tocar violoncelo quatro vezes por semana” já que minha vida é corrida demais para ter tanto tempo assim disponível para coisas que não são prioridade absoluta. Eu também revi algumas coisas que não eram mensuráveis como “fazer de projetos criativos uma prioridade”.

Eu conclui que o processo de definir metas estratégicas e resumir todas as coisas que poderia fazer em uma lista prática de coisas que eu posso fazer de verdade é transformador. Eu adquiri uma visão muito mais objetiva da minha vida, me dando conta, talvez pela primeira vez, que eu sou apenas humana e que tenho apenas 24 horas por dia para dar conta de tudo o que eu deixo entrar em minha vida.

Balanced Scorecard Pessoal

Esse é o modelo do Balanced Scorecard original (simplificado). As áreas aqui são adequadas para uma empresa, mas é fácil pensar em como podemos usar a mesma estrutura na vida pessoal, lembrando que não há nenhuma regra quanto às áreas correspondentes. Cada um deve preencher esse modelo com as áreas da vida em que precisa trabalhar com maior intensidade, o que pode ser diferente para cada pessoa.

Esse é um modelo mais completo de como ele deve ser montado após essa seleção inicial de áreas e metas:

Balanced Scorecard

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