O que é planejamento estratégico pessoal?

Franciane Ulaf

Planejamento Estratégico Pessoal

Planejamento é um termo que assusta!

Planejamento estratégico, então, é interpretado como algo difícil, técnico, “coisa de empresa”.

Quando falamos em planejamento estratégico pessoal, muita gente torce o nariz acreditando se tratar de algo chato, complicado e desnecessário dentro do contexto da vida individual.

Alguns aceitam o planejamento dentro da vida profissional, o planejamento de carreira, mas pouquíssimos compreendem que a idealização do futuro e a programação de metas e atividades é algo simples, aplicável e até mesmo necessário em qualquer área da vida, mesmo as mais pessoais.

O que é planejamento estratégico pessoal?

O planejamento estratégico pessoal é uma abordagem sistemática para definir metas e objetivos na vida pessoal, traçando um caminho claro para alcançá-los.

Planejamento Estratégico Para a Vida - Wunderlich & Sita
A vida deve ser intensamente aproveitada para valer a pena. E não há tempo que volte e seja capaz de apagar decisões inadequadas com desdobramentos nem tão desejados.

Similar ao planejamento estratégico usado nas empresas, que alinha os recursos e esforços para atingir objetivos a longo prazo, o planejamento estratégico pessoal envolve a identificação das próprias aspirações, forças, fraquezas e as oportunidades e ameaças do ambiente.

Esse processo permite que indivíduos façam escolhas conscientes sobre como alocar seu tempo, energia e recursos, maximizando suas chances de sucesso e satisfação pessoal. Ao definir claramente onde querem chegar e quais são os valores que guiam suas vidas, as pessoas podem traçar estratégias e planos de ação que as ajudem a superar obstáculos e a aproveitar ao máximo as oportunidades que surgem.

Além da definição de objetivos e metas, o planejamento estratégico pessoal também envolve a constante revisão e ajuste dos planos à medida que circunstâncias mudam e novas informações são adquiridas. Esse aspecto dinâmico é crucial, pois permite que o indivíduo se adapte a imprevistos e mude de direção quando necessário, sem perder de vista seus objetivos finais.

A prática regular de avaliação e reflexão sobre os progressos e os desafios enfrentados incentiva a responsabilidade pessoal e o crescimento contínuo. Assim, o planejamento estratégico pessoal não é apenas sobre alcançar objetivos específicos, mas também sobre o desenvolvimento de uma mentalidade que favorece a resiliência, a autoeficácia e a realização pessoal a longo prazo.

Por que o planejamento estratégico pessoal é tão importante?

O Ciclo do Sucesso - Brian Tracy
O ciclo do sucesso explica como aumentar o seu "condicionamento mental" pensando como os profissionais de ponta em cada ramo de negócios. Aos poucos, você vai construir e administrar níveis crescentes de autoconfiança em tudo que fizer.

Não é necessário enfatizar a complexidade da vida moderna. Todos estamos cientes de como somos bombardeados por estímulos e oportunidades de todos os lados. Além dessa situação externa, enfrentamos nossa condição interna de querer alcançar muitos objetivos e a dificuldade em escolher o que fazer, principalmente por onde começar, e como realizar nossos desejos.

O planejamento estratégico pessoal surge como o antídoto natural para dominar essa situação. Ele nos força a distinguir o essencial do supérfluo, a focar no que é mais importante e pragmático em nossas vidas, aqui e agora, oferecendo-nos ferramentas para nos organizarmos a fim de alcançar nossos objetivos sem perda de tempo, esforços e outros recursos. Sem planejamento, ficamos à mercê dos estímulos e da dispersão característicos da vida moderna, além de sermos vítimas de nossa própria desorganização interna.

  • O que deve ser priorizado agora em nossa vida?
  • Como Fazer?
  • Que direção tomar numa perspectiva mais ampla?
  • Como tomar decisões mais acertadas?

O planejamento estratégico pessoal responde a essas e outras questões. O planejamento atua como uma medida preventiva contra a desorganização, a inércia, a indecisão e até mesmo sensações internas como ansiedade e inquietação, que podem indicar um senso de falta de propósito e direção na vida. Com isso, assumimos o controle, passando a liderar nossas vidas, em vez de sermos marionetes de interesses alheios.

Por que planejar a vida?

Nos meus 25 anos de experiência com planejamento pessoal, vejo que as pessoas que apresentam resistência ao planejamento se enquadram em quatro grupos:

  1. Aqueles que acham que “não é certo planejar”, que a vida deve ser vivida de forma espontânea e autêntica.
  2. Aqueles que alegam não ter tempo para planejar.
  3. Aqueles que se sentem tão perdidos que não sabem o que planejar.
  4. E aqueles que não acreditam no planejamento, é o pessoal do “isso não funciona!”.

 

A arte de fazer acontecer: Guia prático
Best-seller para aprender a se organizar com metas, planos, e produtividade.

Nesse artigo, vou me concentrar na primeira objeção e até um certo ponto na quarta.

A vida é muito curta para nos darmos ao luxo de vivermos ao sabor das ondas, indo pra lá e pra cá, esperando que algum golpe de sorte apareça ou alguma aventura maravilhosa se desenrole no “deixa a vida me levar”.

Há uma grande dose de ilusão nessa ideia da vida vivida de forma espontânea e autêntica e o mito de que planejamento é uma coisa que engessa ou tira a flexibilidade.

A realidade da vida das pessoas no planeta Terra é que sem planejamento ficamos à deriva, sem rumo e sem noção.

Vivemos a vida como zumbis, reagimos aos acontecimentos e esperamos com muita fé que alguma coisa maravilhosa aconteça.

Olhe em volta! Somos 8 bilhões. Tanta gente vivendo vidas maravilhosas e cheias de aventuras hollywoodianas, não?!

Esperar qualquer coisa na vida é tolice. Você quer alguma coisa? Quer ter uma vida diferente? Quer crescer? Quer aprender coisas novas?

Você tem que fazer acontecer!

Exemplos de pessoas que estavam na hora certa, no lugar certo, que se depararam com oportunidades “de outro mundo”, que “deram certo” apesar das circunstâncias desfavoráveis são exceções.

Mesmo que um desses exemplos seja seu. O futuro não imita o passado! Não é porque algo aconteceu de certa forma no passado que ocorrerá novamente.

As perguntas-chave são:

  • Qual a probabilidade de que algo aconteça espontaneamente em minha vida?
  • E se algo dessa natureza já aconteceu, qual a probabilidade de que o raio caia duas vezes no mesmo lugar?

É como ganhar na loteria. Toda semana alguém ganha na Mega Sena, mas não vou contar com isso pra pagar minhas contas! Posso jogar toda semana e torcer pra ganhar, mas enquanto isso vou fazendo outras coisas proativamente para aumentar a minha renda.

O mesmo raciocínio é válido para tudo o mais na vida. Posso ter esperança de que algum dia algum golpe de sorte me dê algo fenomenal, mas não vou ficar passivamente esperando.

Vou construir cada sonho que eu tiver, tijolinho por tijolinho.

O Pequeno Livro para Realizar Grandes Sonhos
Os autores ensinam como atitudes diárias garantem um planejamento de qualidade para que seja possível arquitetar – e realizar.

O planejamento pessoal serve pra isso. Sem planejamento, nossas ações são aleatórias e esporádicas.

Conheço pessoas que estão há 10 anos escrevendo um livro. Isso seria porque o livro é extenso ou é um trabalho muito complexo? Não! É porque elas se dedicam ao projeto do livro uma vez a cada seis meses! Além disso, o pouco de esforço corre o risco de ser em vão quando a produção não é satisfatória. O cara pega o livro dele pra trabalhar uma vez por semestre e o que ele escreve nesse período é uma porcaria! Será que esse livro um dia vai ficar pronto? É pouco provável!

O planejamento acaba com essa lenga-lenga. Se você levá-lo a sério, você consegue realizar seus sonhos serialmente, um atrás do outro. Agora, imagina o efeito disso não só em sua autoestima e autoconfiança, mas em sua vida em geral. Você tem uma ideia, planeja, vai lá e realiza. Daí outra e mais outra e mais outra.

O que acontece? Daqui a alguns anos você definitivamente não vai estar mais no mesmo lugar nem vai se sentir da mesma forma com relação a si mesmo e à sua própria vida.

Ninguém te deu nada, não houve nenhum golpe de sorte. Você construiu tudo. Que beleza, hein?! Você ainda tem alguma reserva contra o planejamento?!

Você não precisa planejar a sua vida inteira

Uma outra objeção que eu acredito ser importante endereçar aqui é que não é necessário saber o que você quer fazer da vida no longo prazo ou planejar sua vida inteira.

Esse mito, por incrível que pareça, é muito comum. Muita gente não planeja nada porque tem dúvidas com relação ao quadro geral da vida ou acredita que, para planejar, precisa saber o que deseja fazer pelo resto da vida.

Qualquer coisa pode ser planejada, independente de todas as dúvidas, existenciais ou profissionais, que possamos ter. Se eu não sei o que quero da vida, mas tenho certeza de que quero escrever um livro nos próximos cinco anos, isso já é alguma coisa, e essa coisa pode ser planejada, independente do grau de indecisão ou da falta de sentido que eu sinta em relação ao “resto” da minha vida.

É importante abraçar e levar a sério essas pequenas e isoladas oportunidades de planejamento. Por quê? Porque o êxito vivenciado durante o processo e na conquista final da meta fornece autoconfiança e o senso de que planejar realmente funciona, abrindo espaço para que nos motivemos a planejar cada vez mais, de forma cada vez mais ampla, dentro do contexto de nossa vida.

Se eu planejo escrever um livro e dá tudo certo, o livro sai. Depois, planejo aprender francês em um ano. Vou para a França e vejo que meu francês está excelente. Planejo mudar de carreira. Um plano ousado! Mas dá tudo certo, e me sinto muito mais realizado na nova atividade.

Isso me dá confiança de que o processo em si funciona. Planejar dá certo. Com isso, sinto-me capaz de realizar qualquer coisa e passo a confiar na ferramenta de planejamento para materializar e viabilizar tudo o que quero em minha vida.
É um efeito composto. Começa com coisas pequenas, e dali a pouco, vejo que, se eu quiser algo realmente grande, eu posso conseguir, sem aquela passividade de achar que “algo precisa acontecer” ou que “eu preciso ter sorte”.

Qual o efeito do planejamento pessoal na prática?

O planejamento é apenas uma forma de organizar determinados objetivos e atividades, nada mais. Ele não vai engessá-lo, nem inibir sua espontaneidade ou autenticidade — isso é um mito!

O efeito cumulativo: Alavanque sua renda, sua vida, seu sucesso - Darren Hardy
O Efeito Cumulativo é baseado no princípio de que as decisões moldam o seu destino. Pequenas decisões do dia a dia poderão levá-lo à vida que deseja ou, sem querer, ao desastre.

Se, por exemplo, você quer escrever um livro, utilizar técnicas de planejamento pode dinamizar o processo e reduzir o desperdício de tempo e esforços, transformando um processo que, sem organização, levaria anos, em algo que é completado em seis meses ou menos.

O planejamento torna o objetivo e o processo mais claros e compreensíveis, e a partir daí, é possível vislumbrar com mais exatidão o caminho a seguir. Sem planejamento, as ações são aleatórias e dispersas. Com planejamento, elas se tornam focadas e certeiras.

É simples assim. É possível aplicar o planejamento a praticamente tudo na vida: perda de peso, carreira, independência financeira, desenvolvimento pessoal, saúde, abertura de uma empresa, autoria de um livro, etc.

O planejamento visa clarear e registrar o que e como você fará o que precisa ser feito para alcançar seu objetivo. Você provavelmente já elaborou muitos planejamentos. Se já organizou a execução de atividades necessárias para alcançar um objetivo qualquer, você já planejou. Isso pode incluir desde uma festa de aniversário até um projeto escolar ou profissional, uma viagem.

A diferença, quando falamos de planejamento estratégico pessoal, é que, em posse dessas técnicas, você poderá efetuar mudanças e realizações mais robustas em sua vida.

O que torna um planejamento estratégico?

O termo ‘estratégico’ causa ainda mais confusão!

A estratégia, entretanto, não é um bicho de sete cabeças, e você provavelmente se vale dela para conseguir o que deseja nas mais variadas circunstâncias da vida.

O ser humano é um bicho naturalmente estratégico. Bebês já são estratégicos quando aprendem o que funciona melhor para atrair a atenção dos cuidadores. Crianças são mestres estrategistas, sabendo exatamente que “botões pressionar” nos pais para conseguir o que querem.

Ou seja, estratégia não é algo “sério” que só empresas dominam. Estratégia é apenas uma forma específica de se chegar a um determinado fim, que leva em consideração suas forças e fraquezas em contraste com os obstáculos do ambiente.

A criança que aprende que fazer birra no supermercado funciona para conseguir que os pais comprem o que ela quer, já está aplicando esse conceito sem saber. Ela sabe que faz birra muito bem (força) e que uma fraqueza dos pais é gerenciar essas situações em público sem criar um escândalo. Então, ela explora essa oportunidade para conseguir o que quer.

Você vê então que isso não é nada complicado, não é mesmo?

Lidando com a Incerteza
Fields desenvolveu uma nova abordagem para transformar a incerteza, o risco de perda e exposição ao julgamento em catalisadores para a inovação, a criação e a realização.

Adultos usam estratégias nas mais variadas situações na vida: para atrair e manter parceiros românticos, para lidar com aqueles parentes chatos que adoram pedir dinheiro e não pagam, para administrar conflitos domésticos.

Sempre que identificamos que algo, seja um comportamento, uma palavra ou uma abordagem, funciona melhor para atingir um determinado fim do que outras opções, encontramos uma estratégia eficaz.

O oposto de estratégia seria agir de forma aleatória, na tentativa e erro.

Quando não sabemos nada sobre como algo funciona, essa é nossa única alternativa. No entanto, à medida que vamos colhendo informações e observando como nosso comportamento produz resultados, naturalmente selecionamos as estratégias mais eficazes para cada situação e evitamos aquelas que se mostraram ineficazes no passado.

O termo estratégico, quando somado ao planejamento, qualifica a atividade de planejamento.

Planejar sem estratégia seria apenas uma organização primária e básica para alcançar uma meta, sem prestar atenção a detalhes como abordagem, forma, posicionamento e outros aspectos estratégicos.

Simplesmente fazer uma lista de tarefas, por exemplo, sem considerar os detalhes do ambiente (pessoas, circunstâncias, timing, etc.) ou contrastar suas forças e fraquezas com as possíveis ameaças desse ambiente resulta em um planejamento não estratégico.

A estratégia torna o planejamento mais sofisticado, não necessariamente mais difícil, mas certamente mais complexo. Essa complexidade permite dar a devida atenção a detalhes que fazem toda a diferença, tanto no processo quanto no resultado final. Isso pode parecer complicado, mas quando se trata de sua própria vida e metas, a estratégia perde muito de sua aura grandiosa; afinal de contas, resumindo, estratégia é apenas uma forma específica de realizar um planejamento.

E se o planejamento der errado?

Vale abrir um parêntese aqui para o argumento que nasce naturalmente da ideia de planejar a vida: mas e se o planejamento der errado?

Atitude mental positiva
Um clássico de Napoleon Hill. É um dos poucos livros que toca no assunto da mudança de paradigmas e como nossas crenças afetam os resultados que alcançamos na vida.

Essa postura vem da noção determinista da vida, a ideia de que somos meros marionetes num esquema que não compreendemos e não temos qualquer poder de influência. Esse medo também é resultado da ideia de que, se fizermos algo, aquilo obrigatoriamente deve dar certo. Se der errado, o mundo cairá sobre nossas cabeças!

É uma noção um tanto boba, mas muita gente deixa de planejar por ter um medo absurdo do fracasso. Sem cair na autoajuda barata, o fracasso faz parte da vida, principalmente da vida de quem tenta fazer as coisas. Nem tudo dá certo mesmo, às vezes por nossa própria culpa, às vezes por culpa das circunstâncias, às vezes por culpa dos outros. Enfim, de quem exatamente é a culpa é o que menos importa; o que importa é o fato de que a vida é incerta e que nem sempre as coisas dão certo.

Se você não puder viver em paz com essa ideia, dificilmente conseguirá conquistar qualquer coisa. A garantia de êxito não deveria nunca ser critério de tomada de decisão. Podemos ir a fundo nessa questão, mas isso é assunto para outro artigo.

Deixo aqui uma frase para estimular o leitor a pensar sobre o medo do fracasso:

“Às vezes, as coisas não dão certo porque algo melhor está por vir!”

Para concluir, o planejamento estratégico pessoal deve ser visto como uma mera ferramenta, não algo que supostamente controlará sua vida ou imporá qualquer tipo de exigência contrária à sua vontade.

Você faz o que quiser da vida, sempre, inclusive é livre para escolher não fazer nada ou fazer só o que os outros querem que você faça. Ao desmitificar a ideia de planejamento, você perde o receio de usar essa ferramenta e adquire maior poder sobre seu próprio destino, mesmo que às vezes as coisas nem sempre saiam como você quer!

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1 comentário em “O que é planejamento estratégico pessoal?”

  1. Gostei muito desse artigo! Já li seu livro planejamento estratégico pessoal há muitos anos e estou ansiosamente esperando a nova edição! 🙂

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