Uma das maiores objeções ao planejamento de vida é a ideia de que não adianta planejar porque a vida acontece, as coisas mudam, não podemos prever o futuro, não temos como prever o que vai acontecer quando começarmos a seguir numa determinada direção. Nesse vídeo, vamos conversar sobre esse dilema. Como lidar com o inesperado, como lidar com o fato de que a vida tem vontade própria?
Uma das dúvidas mais comuns quanto ao planejamento de vida é em relação à sua manutenção num mundo cheio de surpresas, mudanças inesperadas, urgências, acidentes de percurso e influências externas.
Uma analogia que eu gosto de fazer é com a navegação. A humanidade navega há milênios, e é claro que muita da navegação do passado foi feita às cegas, sem um destino claro. No entanto, há uma compreensão quando se trata de navegação de que podemos definir velejar ou navegar de um lado para o outro do mundo, apesar de ninguém poder controlar a natureza.
Um barco está sujeito às diversas forças da natureza que operam naquele ambiente: ventos, tempestades, furacões, correntes marítimas, até mesmo possibilidade de colisões com baleias. Enfim, muitas coisas podem acontecer no mar e não temos controle sobre as forças que atuam nessas circunstâncias. Mesmo assim, a navegação é algo corriqueiro e faz parte do mundo moderno. Navios planejam suas viagens de um lugar para outro ao redor do mundo, e realizam essas jornadas sem maiores incidentes.
Um veleiro, sendo um barco pequeno, corre mais riscos. No entanto, muitas pessoas velejam e atravessam o mundo de um lado para o outro. Elas não partem à deriva, sem rumo, apenas esperando para ver onde chegarão ou onde o mar as levará. Pelo contrário, elas estabelecem metas, levando em consideração toda a flexibilidade necessária ao lidar com as forças da natureza. Elas decidem ir de Recife a Lisboa, do Rio de Janeiro às ilhas Galápagos, entre outros destinos. Milhares de velejadores embarcam nessas aventuras o tempo todo.
A postura que devemos ter em relação à definição de metas e planejamento na vida é semelhante. Entendemos que o simples ato de viver já envolve vários riscos. Como diz o ditado, “para morrer, basta estar vivo”. E não se trata apenas do risco de morte, mas de qualquer risco: o risco das coisas darem errado, de acidentes de percurso, o risco de nos decepcionarmos, nos frustrarmos, o risco de interferências indesejáveis em nossos planos e de nossos desejos não se realizarem. No entanto, tudo isso faz parte do jogo da vida. A objeção ao planejamento, como “não vou planejar porque as coisas podem dar errado” ou “não vou planejar porque coisas inesperadas acontecem, não tenho controle sobre a vida”, revela ingenuidade.
Nós vemos pessoas planejando e alcançando metas o tempo todo, desde metas como velejar de um lugar para outro até abrir uma empresa e transformá-la em um negócio bem-sucedido, metas pessoais como perder muito peso, mudar um hábito, superar uma dificuldade de comportamento, superar um obstáculo, escrever um livro e assim por diante. As pessoas alcançam metas corriqueiramente, apesar de todas as possibilidades de as coisas não saírem como idealizado, como planejado.
Então, na prática da vida, a falta de planejamento, deixando de lado toda a ilusão de novelas e histórias de Hollywood, deixa a pessoa estagnada. A própria dificuldade da vida faz com que ela esteja sempre correndo para dar conta das responsabilidades, pagar as contas e manter uma qualidade de vida mínima. O tempo passa e a vida continua seguindo seu curso, nem sempre levando a pessoa para os lugares maravilhosos e fantásticos que ela idealiza. Se a pessoa deseja alcançar esse lugar fantástico que ela imagina, ela vai precisar planejar.
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