Como ser mais persistente? Os 5 pilares da persistência

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Essa é uma pergunta muito frequente porque a falta de persistência resulta diretamente em baixa produtividade, baixa eficácia e isso tem um impacto não só nos resultados acumulamos – ou não acumulamos, como também na forma como nos sentimos. Se desistimos muito facilmente e não conseguimos dar continuidade aos projetos em que nos envolvemos, às atividades que precisamos desenvolver, isso terá também um impacto na autoestima e na autoconfiança. Começamos a duvidar de que tenhamos realmente capacidade de conseguir realizar aquilo que desejamos, de construir a visão de futuro que nutrimos.

A persistência fomenta o sucesso, o que gera inúmeros efeitos em nossa vida: nos sentimos competentes pois vemos que conseguimos alcançar o que desejamos; nos sentimos bem conosco pois associamos sucesso com o nosso valor pessoal; nos motivamos para conquistar novas metas.

Esse processo acaba por alimentar o bem-estar que chamamos de felicidade. Somos capazes de superar obstáculos, de conseguir o que desejamos, de realizar projetos e fazer progresso na vida. Apesar da felicidade envolver outros fatores, a soma da autoestima, autoconfiança e autoeficácia é grande parte dela. E tudo começa com a persistência. Sem ela, acabamos chovendo no molhado. Acumulamos muitos altos e baixos, muitas tentativas abandonadas ou fracassadas. Isso baixa a autoestima e a autoconfiança, nos faz sentir incompetentes e incapazes de alcançar nossos sonhos. Acabamos infelizes e frustrados.

O desenvolvimento da persistência como traço de personalidade envolve o seu próprio quebra-cabeças.

Em primeiro lugar temos o propósito, o motivo por trás do esforço, das metas que temos para o futuro. Se não temos um motivo muito forte fica difícil conseguir superar as dificuldades do caminho. Precisa entender porque que estamos fazendo as coisas, qual o sentido, onde aquilo vai dar. A falta de sentido fomenta resistência, desmotivação, desinteresse, às vezes até mesmo revolta contra a atividade.

E esse senso de propósito guia as prioridades, que é outra peça desse quebra-cabeças.

Se queremos alcançar uma meta, as atividades que compõem esse projeto precisam adquirir status de prioridade, do contrário, outras coisas vão passar na frente. Não basta você querer realizar aquilo, você precisa criar tempo pra colocar as atividades em prática e no dia a dia realmente priorizar aquilo. Agora, é preciso ter bem refinada essa capacidade de filtrar as prioridades e conseguir manter o foco naquilo que realmente precisamos fazer. Ao querer fazer de tudo, atendendo a qualquer emergência, qualquer urgência, não sobra tempo pra fazer o que realmente elencamos como prioridade.

Quando tudo é prioridade, nada é prioridade.

Garra - Angela Duckworth
Um livro capaz de transformar vidas e fazê-lo repensar suas posturas sobre talento e persistência

O próximo elemento no quebra-cabeças da persistência é o que a pesquisadora Norte-Americana Angela Duckworth chamou de garra (grit, no original em inglês). A garra é o que distingue as pessoas que persistem das que desistem com facilidade. Ela descreve os achados dela dessa pesquisa que ela realizou no livro Garra, O Poder da Paixão e da Perseverança.

A autora explica que o que ela descreve como garra é uma soma de paixão e perseverança, ou seja, a pessoa gosta daquilo que ela faz e isso tem relação com o propósito. Quando você tem paixão pelo que faz, você vê sentido naquilo, você tem um motivo pra se empenhar. A perseverança é a predisposição íntima pra continuar determinado e focado seguindo o seu caminho. Isso é diferente de persistência, porque perseverança está ligada à determinação. A persistência não necessariamente está ligada à determinação, ela pode ser simplesmente uma insistência teimosa em conseguir alguma coisa, superar um obstáculo. Para termos persistência em direção a metas construtivas precisamos dessa perseverança, do contrário ela pode realmente virar teimosia, intransigência e inflexibilidade.

Segundo a autora, a garra é o elemento que distingue as pessoas bem-sucedidas das que só “chovem no molhado”.

Essa tese faz muito sentido, não?! De todas as características que podemos contabilizar pra construir uma trajetória de sucesso, a garra parece ser a mais importante.

Mas toda essa vontade e entusiasmo precisa ser organizada e contida para que possamos ver ação no dia a dia. Precisamos de disciplina! Conseguimos ter garra sem disciplina? Sim. Podemos ter aquela vontade inquebrantável de conquistar sonhos, de realizar uma atividade, mas podemos ser uma bagunça em termos de execução. E pra ter persistência mesmo, a disciplina ajuda muito.

A disciplina é aquela habilidade, geralmente desenvolvida durante a vida, que garante a constância na execução das atividades. Ou seja, não tem muitos altos e baixos, não tem começa e para, começa e para, vamos indo, sendo fiel ao que planejamos, até concluirmos a meta.

A disciplina é um elemento fundamental aqui, porque não tem persistência se você temos muitos altos e baixos, se a execução do projeto, do plano não segue uma linha reta.

Podemos conseguir realizar as coisas aos trancos e barrancos, com altos e baixos o tempo todo? Certamente! É assim que a maioria das pessoas faz, mas o problema é que existe o risco de que projetos e sonhos fiquem pelo caminho, porque com tantos altos e baixos podemos desistir de vez em algum desses pontos baixos. O tempo que leva pra alcançar o objetivo final ou pra ir alcançando os marcos importantes do caminho é muito maior. Isso acaba tendo diversas consequências, inclusive o risco de desistência ou abandono da meta.

O risco de estagnação também é muito grande. Quando passamos por muitos períodos em que não estamos realmente trabalhando em nenhum objetivo sério, importante, em que estamos só tocando a vida, levando com a barriga, corremos o risco de cairmos na monotonia e nos acostumarmos com ela. As consequências podem ser muito negativas.

Parte dessas consequências é emocional. A estagnação bate na autoestima e na autoconfiança porque esses aspectos se constroem em cima das evidências de sucesso. Se passamos muito tempo sem ter sucessos significativos começamos a duvidar de nós mesmos. Isso também tem impacto na motivação, porque ela também se alimenta dos sucessos, do progresso ao longo do tempo.

Mindset: A nova psicologia do sucesso
A atitude mental com que encaramos a vida, que Dweck chama de “mindset”, é crucial para o sucesso. Um bom livro para mudar paradigmas importantes.

O último fator que influencia a capacidade de persistência é a postura mental, que é o chamado mindset. A postura mental é a forma como interpretamos as coisas, o modo como raciocinamos, nossas opiniões, nossos “mapas” mentais. Muito do comportamento não-persistente, digamos assim, nasce de ideias que a pessoa tem que justificam se vale ou não vale a pena continuar insistindo naquele caminho.

O pessimismo, por exemplo, que é manifestado muitas vezes como cinismo, pode corroer a motivação e até mesmo acabar com o senso de propósito que a pessoa inicialmente tinha pra alcançar uma meta. Não é só um duvidar ou uma simples descrença, uma falta de confiança. O cinismo é tóxico, ele injeta na mente uma ideia negativa que polui o sonho até exterminá-lo completamente. Um exemplo é a pessoa que se foca em uma aparente injustiça. Ela vê que outra pessoa conseguiu a mesma coisa que ela tá querendo e ela acha que a outra pessoa não mereceu, ou recebeu alguma ajuda. Ela acha que isso é injusto (pois ela não teve qualquer vantagem ou ajuda) e ela então adota um cinismo com relação à outra pessoa e à própria situação. Ela diz coisas como “eh, eu to fazendo tudo sozinho, ninguém me ajudou”. Isso é carregado daquele tom cínico, negativo, tóxico. Isso faz parte da postura mental da pessoa. Não é algo pontual, algo que só acontece em uma situação. O pessimismo cínico afeta tudo na vida da pessoa.

Pra ter persistência, principalmente no longo prazo, precisamos nutrir uma esperança, uma postura mental positiva de que mesmo que tenhamos contratempos, mesmo que não tenhamos vantagens que outros parecem ter tido, que vamos conseguir ter êxito. Mesmo que essa esperança seja ingênua, inocente, mesmo que ignoremos, consciente ou inconscientemente, o que existe contra nós em uma situação ou divergências entre o nosso caso e o caso de outras pessoas, se mantivermos essa positividade a persistência vai sobreviver. Contudo, se quisermos ser realista demais e nos focarmos muito nas diferenças, nas vantagens alheias, nos obstáculos que estamos enfrentando, nos tornaremos cínicos e acabamos matando a persistência.

Considerando todos esses fatores você pode fazer um autodiagnóstico. Veja o que que no seu caso pessoal está faltando nesse quebra-cabeças, e a partir daí estude mais sobre aquele tópico, seja, disciplina, ou adotar uma postura mais otimista, ou encontrar um propósito, algo que você realize porque você realmente gosta daquilo, ou trabalhar na capacidade de priorização. Enfim, cada um acaba com um diagnóstico diferente.

Depois desse autodiagnóstico, o ideal é estudar mais sobre os tópicos em que você tem maior dificuldade. É incrível como o mero conhecimento sobre o comportamento já ajuda a desencadear a mudança, até porque se você não sabe muito sobre o aspecto que você quer mudar, você arrisca tomar atitudes erradas baseadas em presunções incorretas. E geralmente quando você estuda o tópico você já se depara com várias sugestões de como você pode desenvolver aquele traço ou trabalhar em problemas relacionados ao comportamento.

Isso leva você a ser capaz de planejar e organizar como que você vai trabalhar nessa questão diariamente. Às vezes pode ser uma questão de fazer exercícios até que um hábito se desenvolva, às vezes você pode incluir aquelas atividades dentro da execução dos seus projetos, da sua atividade.

E por que é tão importante essa etapa de planejamento? Você planeja pra conseguir trazer o desenvolvimento daquela habilidade ou trabalho em problemas de comportamento para o seu dia a dia. Do contrário, o negócio fica lá no nível abstrato e não no nível prático das atividades diárias que é onde você realmente tem chance de desenvolver atributos, de mudar comportamento.

A persistência, portanto, não é uma coisa mágica, algum segredo, alguma coisa que você vai descobrir como fazer através de uma dica rápida. Você tem que realmente ir fundo considerando as dimensões que ela abarca, todo esse quebra-cabeças que vimos aqui e levar a sério o desenvolvimento desse traço no dia a dia.

A persistência, assim como a disciplina e até mesmo a postura mental, é um músculo que você exercita e desenvolve. Você faz um esforço consciente e diário de trabalhar naquele aspecto da sua personalidade por tempo suficiente para que aquilo se torne mais natural. Mas sempre mantendo em mente que persistência é difícil. Mesmo que se torne mais natural com o tempo, mesmo que este músculo seja fortalecido, sempre vai haver um grau de dificuldade.

O negócio é abraçar essa dificuldade ao invés de achar que tudo tem que ser fácil!

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