Como ser proativo quando a vida tem vontade própria e tudo parece acontecer caoticamente?
Uma questão que surge quando falamos em proatividade é o fato de que muitas coisas que acontecem em nossas vidas estão fora do nosso controle.
Há uma crença (incorreta) de que ser proativo é conseguir controlar tudo e fazer com que todos os eventos ocorram como queremos. Obviamente, isso não é possível. Contudo, não ser capaz de controlar os eventos não significa que somos impotentes ou que não podemos continuar moldando nosso destino.
CULTURA DA CULPA
Essa dúvida é gerada pela cultura da culpa na qual vivemos. A cultura da culpa dita que se algo não é culpa nossa, não temos responsabilidade de consertar o problema ou agir para a superação da questão.
Para uma pessoa proativa, essa pergunta nem sequer chega a fazer sentido. Praticamente tudo o que ocorre em nossas vidas está fora do nosso controle, ou seja, “não é culpa nossa”. No entanto, essa falta de controle não afeta as escolhas que você faz, principalmente com relação aos seus próprios sentimentos e emoções.
No excelente livro Faça o que tem que ser feito e não apenas o que te pedem, Bob Nelson argumenta que não importa de quem é a culpa, não importa a origem de um problema, se você quer avançar na vida, você precisa ser a pessoa que resolve tudo.
Se você for o herói que vem salvar o dia e soluciona os problemas causados pela incompetência alheia, você certamente será notado e valorizado. Seja como funcionário de uma empresa, profissional liberal ou empreendedor, sua capacidade de botar a mão na massa e dar conta do recado é que determinará seu sucesso (não algum evento externo como oportunidade ou sorte).
NOSSAS EMOÇÕES SÃO RESPONSABILIDADE NOSSA
Uma das maiores armadilhas da cultura da culpa é levar as pessoas a acreditar que são as coisas, os acontecimentos, as outras pessoas que são responsáveis por seu estado de espírito e resultados na vida.
As pessoas se deixam afetar emocionalmente pelos acontecimentos e pelas atitudes dos outros e acham que é totalmente aceitável justificar-se dizendo que suas emoções negativas são culpa dos outros ou das circunstâncias que estão fora do seu controle.
A pessoa proativa tem, de certa forma, sangue frio, ela não se deixa afetar emocionalmente pelas picuinhas tolas do dia a dia, muito menos permite que emoções negativas como frustração e raiva se formem como consequência das circunstâncias. Ela passa por cima de tudo isso e mantém sua mente focada em seus objetivos.
Muitas pessoas se perguntam:
Mas como?
Como eu posso não me importar com as coisas que os outros fazem?
Como posso não me irritar com os idiotas que cruzam o meu caminho?
Como posso não me aborrecer com as atitudes insanas do meu chefe?
Essas perguntas partem do princípio de que reações são automáticas e necessárias. O chefe fez uma idiotice, logo eu devo me sentir frustrada. O pulo do gato é entender que não existe essa coisa de reação “obrigatória”: o outro fez isso, logo eu tive que ter essa reação.
COMO SER MAIS PROATIVO
Uma forma de se tornar mais proativo é evitar reagir impulsivamente. Pare e pense na reação que você está pensando em ter. Naqueles segundos, você se dá conta de que se reagir negativamente, a perda maior será sua.
Sua frustração, raiva, decepção, cinismo, rispidez afetará muito mais a você do que ao outro. É isso o que as pessoas proativas entendem. Elas olham para o futuro e vislumbram as consequências de uma possível reação negativa em contraste com uma reação positiva ou neutra e decidem evitar deixar-se tomar pelas emoções.
A definição mais básica de proatividade a explica como a liberdade de escolha entre o estímulo e a resposta.
Quem escolhe como vai se sentir diante dos acontecimentos somos nós mesmos e não há desculpas contra esse argumento. Entretanto, as pessoas comumente optam por deixar emoções negativas aflorarem mediante o mais insignificante estímulo.
Para treinar a proatividade, você deve primeiro treinar o controle emocional em resposta aos estímulos comuns do dia a dia e internalizar a noção de que ficar bravo, frustrado, decepcionado ou desanimado não é uma resposta óbvia a certos estímulos.
Ao entender e praticar esses princípios, você pode desenvolver uma abordagem mais proativa para a vida, tornando-se capaz de influenciar positivamente seus resultados e bem-estar, independentemente das circunstâncias externas.
LEITURA RECOMENDADA
Há alguns livros clássicos que ensinam a pensar de forma mais independente, criativa e proativa.
O best-seller Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes de Stephen Covey é uma referência essencial. Covey justifica a proatividade como o primeiro hábito das pessoas altamente eficazes por uma boa razão: sem proatividade, não há eficácia.
Outro best-seller que fará você refletir sobre a forma como raciocina e reage aos eventos e oportunidades é Mindset de Carol Dweck, psicóloga e professora da Universidade de Stanford. “Mindset” nos ajuda a entender que há paradigmas que usamos para enxergar a nós mesmos e nossa capacidade. As decisões que tomamos são baseadas nesses paradigmas e determinam nossa predisposição para nos esforçar, persistir, enfrentar desafios e lidar com os acontecimentos da vida.
Pense Melhor de Tim Hurson é outro recurso valioso que nos faz refletir sobre a eficácia do nosso próprio pensamento. Muitos dos nossos pensamentos nos levam a tomar atitudes improdutivas e prejudiciais ao nosso sucesso. No calor do momento, raramente percebemos o que estamos fazendo, mas quando esse pensamento ineficaz se torna um hábito, acabamos nos autossabotando e comprometendo nosso próprio sucesso.
Franciane Ulaf é administradora e psicóloga, especializada em psicologia evolutiva. Atualmente, Franciane é mestranda em psicologia na Universidade de Harvard. Sua linha de estudos investiga as raízes evolutivas da natureza humana. Franciane escreve sobre comportamento humano, produtividade, psicologia, biologia e evolução.
Sou uma pessoa muito pro-ativa, tenho um bom controle das emoções, e isso as vezes é muito ruim, pois as pessoas não entendem, e acham que você é frio ou trocha. Que deixa passar a oportunidade de explodir, de falar um balde de besteiras. e na verdade, ñ é isso, você não se desgasta com coisas bobas e procura resolver as coisas da melhor forma possível para não surgir novos problemas.
Sempre quis de ter esse autocontrole. Algumas situações do dia-a-dia me tiram do sério mesmo, como trânsito e pessoas mal humoradas.