Perspicácia é de uma forma bem ampla de “esperteza” ou a capacidade de pescar as coisas no ar e entender rapidamente o contexto de uma situação ou idéia.
Esperteza é a qualidade de pensar rápido e responder ao estímulo de acordo com a circunstância, é a inteligência contextual.
O ditado diz que o bom entendedor entende com meia palavra – essa é a pessoa perspicaz, não precisa de muito, não precisa de mil explicações, ela já entende tudo com pouco, consegue ler nas entrelinhas, interpretar o que não é dito em palavras.
Em linguagem popular, o contrário de perspicácia é burrice. A pessoa que não entende as coisas facilmente, que olha e não vê, que tem dificuldade para compreender as coisas é tachada de burra. Se o perspicaz precisa apenas de meia palavra para entender, o burro não entende nem com um livro inteiro!
A perspicácia não está diretamente relacionada com escolaridade e conhecimento em si, já que em tudo quanto é lugar encontramos gente esperta nas mais variadas classes sociais e níveis de alfabetização e escolaridade, no entanto, a escola pode ensinar a raciocinar com mais objetividade e clareza e a compreender conceitos complexos com mais facilidade. Muitas das dificuldades que as pessoas encontram com relação às idéias e problemas do dia-a-dia estão relacionadas à falta de preparo intelectual que deveria ter sido endereçado na escola.
A perspicácia é fundamental para a excelência, já que se a pessoa tem a dificuldade mais básica de todas, ou seja, a dificuldade de perceber e entender, ela jamais vai conseguir sair da mediocridade.
Nos anos 80 passava na TV um comercial que eu achava tão engraçado que ficou gravado na minha mente até hoje. Uma mulher andava por uma loja de eletrodomésticos quando parou na frente de um aparelho microondas e ficou olhando para a máquina. Depois de alguns segundos ela olha para o vendedor e pergunta: “Essa TV é preto e branco ou a cores?” No final do comercial, o locutor dizia: “Tem gente que olha e não vê!”.
O que mais temos no mundo é gente que olha e não vê. Pessoas que vivem uma vida semi-robótica, praticamente sem prestar atenção em nada além do absolutamente necessário para tocarem suas vidas. Essas pessoas que olham e não vêem, no entanto, desejam também ser bem sucedidas e procuram livros, cursos, sites e consomem, consomem, consomem informações sem entender o que realmente devem fazer para se darem bem na vida. São essas pessoas que dão má fama à área de auto-ajuda dizendo que esses livros não tem nada de novo, que elas já sabem de tudo isso, mas ninguém fala qual o segredo, qual o pulo do gato. O problema não está nos livros, o problema é com elas. Se bom entendedor só precisa de meia palavra… Essas pessoas lêem livros e mais livros, fazem cursos, etc. e mesmo assim não cai a ficha?!
Essas pessoas são más entendedoras, lhes falta o quarteto mágico mental: raciocínio lógico, discernimento, atenção e autocrítica. Esse quarteto forma a perspicácia. A pessoa que não presta atenção e não discerne com lógica sobre seus arredores, olha e não vê. As coisas estão na frente de seu nariz, mas a pessoa não percebe, não enxerga. A pessoa que não tem autocrítica não reflete sobre seus próprios erros, dificuldades e histórico. É a pessoa que fica sempre na esperança de descobrir qual o segredo do sucesso ou do que ela deseja atingir ou realizar, mas ela busca incessantemente informações e nunca entende nada. Na interpretação dela, contudo, ela ainda não esbarrou no “segredo”. É claro que o mau entendedor, nesse caso, acha que entendeu tudo. É por isso que ele diz que já viu todas essas informações, que já sabe de tudo isso. A desculpa que ele dá é que se essas coisas não funcionaram para ele, então elas não funcionam de uma forma geral… Para ninguém.
Esse é um dos assuntos mais difíceis de discutir e principalmente admitir. Ninguém quer admitir a falta de perspicácia, nem para si mesmo, pois o contrário de perspicácia é burrice e ninguém gosta de se admitir burro, muito menos ser chamado de burro. Além disso, quem não se acha esperto? A pessoa que sofre de falta de perspicácia, sofre de falta de autocrítica e, portanto, não consegue perceber seu problema, pois é incapaz de se olhar no espelho e obter um retrato fiel. Essas pessoas se acham super espertas quando, na verdade, esperteza é tudo o que lhes falta!
Um dos pontos mais importantes do quarteto da perspicácia é a atenção. Atenção aos detalhes e acuidade, no entanto, são das coisas que mais faltam para o indivíduo comum que mal consegue se lembrar do que comeu no café da manhã. A pessoa que tem problemas de atenção deixa passar detalhes importantíssimos, por menores que sejam, que tornariam seu desempenho excelente. Ela nunca consegue passar da mediocridade e não sabe o porquê. Esse desconhecimento quanto às razões do seu fracasso ou do seu fraco desempenho estão relacionadas ao fato de que o que desconhecemos (ou ao que não prestamos atenção) não existe em nosso universo, ou seja, se deixamos passar um detalhe por mera falta de atenção, permanecemos na ignorância do fato, não sabemos que perdemos um detalhe, às vezes nem sabemos que o detalhe existe. Isso gera todo o tipo de confusão e frustração, pois a pessoa pensa que está dando o melhor de si e quando as coisas não acontecem como esperado, ela fica sem saber explicar onde foi que errou. Essa confusão se dá porque ela não prestou atenção nos erros, ela nem sabe que errou.
Apesar de a esperteza por si só poder levar a pessoa longe na vida, há conquistas que requerem um nível de intelectualidade um pouco mais refinado. Intelectualidade é a capacidade de usar o conhecimento de forma prática e refletir sobre ele tirando conclusões úteis. Essa capacidade se soma – e muito – à perspicácia e torna a pessoa apta a conquistar qualquer meta. É a soma da esperteza com a inteligência. Apesar de, mais uma vez, a maioria das pessoas não admitir que lhes falta inteligência, essa é a realidade de muita gente que não consegue progredir. Em muitas áreas, a capacidade de raciocinar de forma crítica e lógica, analisar e tomar decisões em ambientes de constante mudança é primordial para o sucesso e isso é uma questão de pura perspicácia e inteligência intelectual mesmo. Mais um resquício negativo de um sistema educacional falho que não ensina seus alunos a pensarem de fato e cria adultos que só sabem obedecer e repetir, mas não refletir e criar.
Texto muitíssimo coerente! Parabéns!
Adorei o texto. Bom para nos fazer refletir…
Gostei do texto. Me fez refletir….
Gostei do texto, ajudou-me a ter uma compreensão melhor sobre a perspicácia. Agradeço!
Deixo o meu blog falando sobre o mesmo assunto, todavia, com um ponto de vista bem diferenciado: https://perspiccia.wordpress.com/ .
Abraço!
Caramba! Esse artigo foi de escancarar a janela! Só não entende quem não é perspicaz.
Isso me faz refletir toda minha vida. Reler nova mente e refletir , tirar proveito disso ..Sinceramente incrível.Meus parabéns..
Eu também sou muito perspicaz, e às vezes isso me traz problemas. As pessoas sentem-se muito vulneráveis diante do PERCEPTIVO.
Tbm né… bolar todas aquelas fugas incríveis não é pra qualquer um. Kkkkkk. Adorei a criatividade.
É mesmo Muito educador.
O complicado é quando o perspicaz que está a serviço do medíocre, e não pode fazer nada para mudar a situação.
Situação estática !
Saudações.
Cara, tirou as palavras da minha boca… Bom resumo do que aflige por demais as pessoas perspicazes.
Na verdade, uma pessoa pode ser perspicaz em uma coisa ou em uma área, mas as vezes não é em outras,isso é o mais comum de tudo ex: um bom jogador de Football, envolve perspicácia também.
Excelente conteúdo! Muito obrigada por compartilhar desse seu profundo conhecimento, ler seus textos, está me ajudando muito no meu desenvolvimento pessoal!