Potencial de sucesso: o quanto você está disposto a enfrentar o desconhecido?

Franciane Ulaf

“Aquele que não é corajoso o suficiente para assumir riscos não conquistará nada na vida.”Muhammad Ali

Esse é um dos grandes temas quando falamos em sucesso e já abordamos esse assunto inúmeras vezes por aqui. Entretanto, vejo na prática que as pessoas não se dão conta no dia-a-dia do que “enfrentar o desconhecido” realmente significa.

Predisposição para enfrentar o desconhecido é uma postura mental que é refletida em sua atitude – agora o segredo: em absolutamente TUDO na vida! E é aí que a maioria das pessoas falha em entender esse conceito.

Muita gente acha que enfrentar o desconhecido é algo que aparece só de vez em quando e que naturalmente conseguiriam perceber com clareza a situação. Na prática, isso não ocorre, salvo essas circunstâncias com poder de mudar a vida.

Desconhecido é tudo o que você NÃO ESTÁ ACOSTUMADO e grife bem essa palavra: ACOSTUMADO! Eu sempre cito o exemplo de livros digitais porque é uma coisa que tem acontecido com muita frequência atualmente. Muita gente simplesmente se recusa a ler livros digitais porque não está acostumada… isso, contudo, revela justamente a tremenda dificuldade que a pessoa tem de sair de sua zona de conforto e dar uma chance para algo que ela considera desconhecido, mesmo que seja a coisa mais banal do mundo, como livros digitais… Nesse processo, ela encontra as mais lógicas e “coerentes” desculpas para justificar porque ela prefere aquilo que ela já está ACOSTUMADA, ou seja, nesse caso, livros impressos. Diz que gosta do “cheiro de livro”, que gosta de ler na cama, prefere levar o livro para qualquer lugar, etc. Tudo isso tem um único objetivo: mascarar a dificuldade da pessoa em lidar com algo novo, diferente, a qual ela não tem muita familiaridade. Com toda lógica na cabeça dela do porque ela prefere o velho ao novo, a razão por trás deste comportamento é a inflexibilidade.

O perigo dessa postura é que ela acaba não se restringindo a coisas pequenas e sem importância como preferência por livros impressos, ela se espalha por toda a vida do indivíduo. Aí quando aquelas oportunidades realmente grandes aparecem, ele não tem potencial de proatividade suficiente para pegar carona e na hora H, ela dá pra trás e fica com o bom e velho conhecido e confortável e é claro, dando as desculpas mais lógicas do porque ela “preferiu” abandonar a oportunidade ou continuar onde está.

É o cúmulo do autoengano acreditar que se pode ser inflexível com as coisas do dia-a-dia, permanecendo numa piscina de conforto, mas quando alguma coisa realmente importante aparecer, aí sim, a pessoa vai morder a isca e deslanchar. Não, isso não acontece…

Pessoas que crescem na vida tem o perfil de serem destemidas e principalmente, abertas a topar qualquer parada, no sentido de que sua zona de conforto é que é flexível, elas ampliam seus limites de conforto à medida que vão passando por experiências e estão sempre curiosas para aprender coisas novas, ver o que é diferente, experimentar novas formas de fazer as mesmas coisas. Isso é evidente no dia-a-dia, experimentar uma comida exótica, pegar um caminho diferente sem medo de se perder (ou se perder e se achar sem entrar em pânico!), escutar músicas novas, resolver um problema sem ter qualquer experiência prévia ou facilidade (como consertar uma impressora, um computador), descobrindo isso procurando na internet e usando a boa e velha perspicácia. Isso se chama potencial flexível, ou o quanto uma pessoa está aberta a aprender e descobrir coisas novas a todo o momento, sem se apegar ao já conhecido e principalmente, sem rejeitar o novo porque ela já está acostumada com o velho, mesmo que esteja completamente (e logicamente) convencida de que o novo não presta e que o velho é que é bom!

Tim Ferriss é um grande advogado das aventuras para fora da zona de conforto. O autor de best-sellers como Trabalhe 4 horas por Semana defende que o sucesso de qualquer empreitada na vida reside na predisposição íntima em aniquilar o senso de rejeição para com o desconhecido e adquirir o hábito de fazer diariamente algo que desafie nosso senso de conforto. Ferriss até mesmo sugere exercícios que vão desde “desafios” como estabelecer um contato pessoal com uma celebridade, aprender a dançar (se você nunca dançou ou não se sente “confortável” com a ideia), aprender outro idioma, iniciar conversas com estranhos em lugares públicos, e por aí vai. Ele recomenda que cada um escolha um grupo de atividades ou atitudes que particularmente considera um desafio para si mesmo (algumas pessoas não consideram desafio iniciar conversas com estranhos, por exemplo, tendo grande facilidade para engatar um papo com qualquer um, em qualquer lugar). A recomendação do que autor é que a pessoa faça todo dia algo que lhe dê frio na barriga, lhe cause embaraço ou até mesmo desperte medo. O propósito é tornar a zona de conforto uma “bolha flexível” ao contrário de uma redoma de vidro, como é o caso da maioria das pessoas. Tornar-se confortável com o desconforto é a ideia, o objetivo é treinar o próprio cérebro a ver situações desconhecidas como possíveis aventuras ou novidades interessantes ao invés de algo completamente rejeitável e evitável… só porque não estamos acostumados com aquele tipo de experiência.

Sair da zona de conforto não é fazer “coisas loucas”, irresponsáveis, altamente diferentes ou aventureiras (como a foto do artigo pode sugerir!). Simplesmente permanecer intimamente disponível para abrir mão do que você está acostumado e aprender alguma coisa nova, fazer as mesmas coisas de formas mais eficazes, mesmo que diferentes de como você sempre as fez já o leva a adquirir hábitos proativos que no longo prazo, acabam fazendo uma grande diferença.

Eu recomendo também a auto-observação. No dia-a-dia, nos deparamos com centenas de oportunidades para “alargarmos” nossa zona de conforto e sem querer, sem pensar, rejeitamos a experiência para defender o modus operandi a qual estamos acostumados, dando desculpas aparentemente lógicas para justificar nosso posicionamento, nossas “preferências”, quando na realidade, tudo o que queremos é não ter que lidar com algo diferente, mesmo que estupidamente pequeno e irrelevante. Por quê? Na maioria das vezes por nada, por que somos idiotas! Por que nos recusamos a mudar, às vezes até mesmo por mera preguiça! Muitas coisas fora de nossa zona de conforto são de fato difíceis, às vezes insuportavelmente difíceis, mas é aí que moram as oportunidades de crescimento e, muitas vezes, de sucesso. Mas como tudo na vida, se não adquirimos hábitos proativos, quando a hora H chegar, acabamos sem querer tendo a mesma postura do dia-a-dia, a rejeitamos porque não temos coragem de fazer qualquer coisa que exija, mesmo que leve, desconforto.

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4 comentários em “Potencial de sucesso: o quanto você está disposto a enfrentar o desconhecido?”

  1. Como isso é verdade! E o pior é que quanto mais velhos ficamos pior fica, começamos a até mesmo ficar bravos com as pessoas que levemente “sugerem” que a gente faça algo diferente do que está acostumado. Defendemos nossa zona de conforto com unhas e dentes e sempre como você diz, com as justificativas mais lógicas, que não passam de desculpas esfarrapadas para esconder nossa resistência a mudança. Somos patéticos, mas nos achamos o máximo! A natureza humana é podre!

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  2. Eu me vi em partes no que foi dito no texto. O “desconhecido”, em regra, é conhecido, a questão é que sabemos a teoria (roteiro) do que fazer, mas o obstáculo (inimigo) invisível que reside em mim, priva-me de dar um passo a frente ou de reiterar ações eficazes em prol dos meu objetivos. Só me resta ter fé e ir adiante para além do “desacostumado”.
    Frase abaixo de DOSTOIEVSKY, IRMAOS KAMAROV:
    “É muito fácil viver fazendo-se de tonto.
    Se o tivesse sabido antes, ter-me-ia declarado idiota desde a minha juventude, e poderia ser que,
    por esta altura, até fosse mais inteligente.
    Porém, quis ter engenho demasiado depressa,
    e eis-me aqui agora, feito um imbecil.”

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  3. Eu acredito que o que dificulta a ler livros digitalizados é o risco através do pagamento.
    Quanto ao medo do desconhecido, fiz loucuras pra conseguir aquilo que achava ser fundamental para eu me sentir realizado, descobri só preciso manter a paz e armonia. E quem consome são justamente as pessoas
    Acabo perdendo em troca de alguns trocados!

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    • Kresch, acho que esse “medo” do pagamento digital cai até mesmo dentro do que a autora falou! Eu trabalho online e vejo muito isso acontecer, por isso resolvi responder ao seu comentário. Falta conhecimento para as pessoas que tem medo de fazer compras online. Falta saber separar o joio do trigo e ser capaz de dizer se uma opção de pagamento é realmente segura ou se é duvidosa. No Brasil ainda há a vantagem do boleto bancário. Que risco há em emitir um boleto para pagamento em um site que trabalhe por exemplo com Pag Seguro ou Pagamento Digital (que são entidades separadas do site vendedor que garantem a entrega do produto ou o dinheiro de volta)? Não há risco! Você não deu nenhuma informação pessoal, pedidos com boletos podem ser até ser feitos com nome, endereço e tudo o mais falso, quer fazer o pedido dizendo que seu nome é Silvester Stalone? Faça! Se o produto é digital não tem importância! Você emite um boleto, que é pago “fora da web” e se o vendedor não entregar o produto, o serviço emissor do boleto, como Pag Seguro, cancela a operação e devolve seu dinheiro. Onde está o risco?

      Eu, particularmente, prefiro até mesmo fazer pedidos online com cartão de crédito mesmo, pois ao menor sinal de fraude (o que NUNCA ocorreu comigo nem com qualquer pessoa que eu conheço) é só acionar a operadora do cartão e pronto, transação desfeita… E em sistemas intermediários como os que eu mencionei, o site vendedor não tem acesso ao número do seu cartão.

      Acho que é uma questão de se informar melhor… Veja que você caiu na própria armadilha que a autora aborda no artigo! Você deu uma desculpa que você acredita com toda lógica que faz sentido e que justifica sua posição, quando na verdade, o problema é a falta de familiaridade com o ambiente online que gera essa insegurança!

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