Essa é, se não a maior, uma das principais objeções ao planejamento de vida.
A incerteza do futuro, a possibilidade de as coisas não ocorrerem conforme esperado, levanta a questão: então, por que planejar?
A resposta mais simples e direta é: as coisas podem não acontecer como planejado, mas se você não planejar, é quase certo que o que você deseja não se realizará.
É simples assim.
Aqueles que não planejam tendem a viver a vida à deriva, e seus desejos raramente se concretizam, precisamente porque nenhuma ação é direcionada para alcançá-los.
Na correria diária, que exige que muitos se dividam em dez para dar conta de tudo, a falta de planejamento resulta na ausência de ação.
O ditado “não deixe de rir por medo de chorar” se encaixa perfeitamente aqui.
Por que evitar o planejamento apenas pelo medo de falhar? Se não funcionar, tente novamente, tente algo diferente.
Observando as histórias de pessoas bem-sucedidas, percebe-se que raramente o sucesso acontece de maneira linear, sem contratempos, erros ou obstáculos pelo caminho.
As coisas nem sempre acontecem como planejamos… mas podemos perseverar e tentar novamente
A trajetória do grande inventor Thomas Edison exemplifica claramente essa ideia.
Thomas Edison, conhecido por suas inúmeras invenções, incluindo a lâmpada elétrica incandescente, é um exemplo emblemático de perseverança diante do fracasso. Ele é frequentemente citado por suas milhares de tentativas falhas antes de finalmente chegar a um protótipo funcional da lâmpada. Edison encarava cada falha não como um erro, mas como um passo a mais rumo à solução.
Sua famosa citação, “Eu não falhei. Eu apenas encontrei 10.000 maneiras que não funcionam“, reflete uma visão de vida que vê o planejamento e o esforço contínuo como essenciais, mesmo quando os resultados imediatos não são os esperados.
A perseverança de Edison, apesar de repetidos “fracassos”, mostra que o processo de planejar, testar, falhar e ajustar é fundamental para alcançar resultados significativos.
Além disso, a história de Edison nos ensina sobre a importância da resiliência e da capacidade de aprender com os erros. Em vez de desistir após falhas, ele as utilizava como lições valiosas que eventualmente o guiaram ao sucesso.
Esta abordagem pode ser aplicada ao planejamento de vida: ajustar os planos com base nas experiências, mesmo que estas não sejam bem-sucedidas inicialmente, pode abrir caminhos para conquistas futuras.
As coisas nem sempre acontecem como planejamos… mas as estatísticas estão do lado de quem planeja
Vamos deixar claro o seguinte: quando falamos em “sucesso”, não estamos falando necessariamente de êxito nas áreas financeira e profissional, ok?!
Sucesso, nesse contexto aqui, é conseguir realizar o que você deseja, materializar seus sonhos no mundo real.
Os números não mentem. As estatísticas, em inúmeros estudos científicos sobre metas e performance, mostram claramente que pessoas que planejam a vida (definem metas e se organizam para atingi-las) são muito mais bem-sucedidas e satisfeitas com suas vidas do que pessoas que não possuem o hábito de planejar.
Não é difícil entender por quê, não é mesmo?!
Se eu tenho um sonho de publicar um livro, posso passar o resto dos meus dias imaginando a tarde de autógrafos, os elogios dos parentes, ou o que quer que eu associe com esse sonho.
Se eu não fizer nada, ele jamais se tornará realidade. O problema é que sem uma estruturação de como exatamente vou escrever todo o conteúdo e como vou publicá-lo, as chances de que eu só continue sonhando são muito grandes.
E é exatamente esse o cenário de milhares (talvez milhões) de aspirantes a escritores mundo afora que passam décadas sonhando com livros que nunca são escritos.
Podemos trocar “escrever um livro” por “lançar um álbum musical” ou “começar uma carreira na área X” ou “fazer uma viagem para tal lugar” ou “poupar uma certa quantia de dinheiro” ou “aumentar minha renda para XX”. Esses são sonhos bem normais, não são?! Nada fora da casinha aqui!
Mas essas coisas raramente ocorrem espontaneamente. Sim, há pessoas que acabam sendo levadas “à deriva” e realizam algumas dessas coisas. Mas a vida é muito curta para contarmos com esse tipo de sorte. Não é porque aconteceu com Fulano que vai acontecer com a gente!
O planejamento não só aumenta as chances de que você conseguirá realizar o que deseja como também acelera o seu passo. E o que acontece quando sistematicamente conseguimos realizar sonho atrás de sonho? Começamos a nos sentir melhor conosco. Nossa autoestima se torna mais saudável e resiliente. Nos sentimos mais empoderados e confiantes em nossa própria capacidade.
Isso é o que nas pesquisas aparece como felicidade nesse grupo. As pessoas que planejam são mais felizes e satisfeitas com a própria vida porque elas não só vivem a vida que querem viver como também sentem maior confiança em sua própria capacidade de moldar o próprio destino. As coisas nem sempre acontecem como planejado.
É verdade, mas a realidade é que na maioria das vezes as coisas acontecem sim exatamente como planejamos — se nos dermos ao trabalho de planejar cuidadosamente e implementar os planos com disciplina.
As coisas nem sempre acontecem como planejamos… mas o planejamento fornece estrutura e direção
Viver sem planos é navegar sem bússola; pode-se eventualmente chegar a algum lugar, mas é muito provável que não seja onde se desejava. O planejamento ajuda a definir metas claras e a estabelecer passos concretos para alcançá-las, aumentando as chances de realização pessoal e profissional.
Ademais, planejar a vida permite a antecipação de obstáculos e a preparação para superá-los. A incerteza do futuro não deve ser uma desculpa para a inação, mas sim um incentivo para planejar com flexibilidade, adaptando-se e aprendendo com o que a vida apresenta.
Por fim, argumentar contra o planejamento por medo de que as coisas não ocorram conforme o esperado é ignorar a oportunidade de moldar ativamente o próprio futuro.
Em vez de serem vistas como razões para evitar o planejamento, as incertezas e os possíveis “fracassos” devem ser encarados como componentes intrínsecos do processo de crescimento e descoberta pessoal.
O planejamento não é uma garantia de que tudo vai acontecer exatamente como queremos, mas é uma ferramenta valiosa para nos aproximar dos nossos objetivos, aprendendo e nos adaptando ao longo do caminho. Assim, mesmo que as coisas nem sempre ocorram como planejamos, o ato de planejar nos coloca em uma posição muito mais favorável para perseguir o que verdadeiramente desejamos na vida.
O medo de fracassar é a causa nº 1 do fracasso, justamente pelo fato de que a pessoa que tem medo de errar jamais tenta! Mas ela também não acerta nada; ela simplesmente não sai do lugar.
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- POR QUE PLANEJAR A VIDA? PLANEJAMENTO DE VIDA REALMENTE FUNCIONA?
Franciane Ulaf é administradora e psicóloga, especializada em psicologia evolutiva. Atualmente, Franciane é mestranda em psicologia na Universidade de Harvard. Sua linha de estudos investiga as raízes evolutivas da natureza humana. Franciane escreve sobre comportamento humano, produtividade, psicologia, biologia e evolução.
gostei muito do texto e acredito muito no meu potencial e não vou desistir dos meus sonhos. Valeu!!!!!!!!