O propósito do investimento na bolsa de valores é ridiculamente simples: comprar barato e vender caro. A simplicidade, contudo, termina aí.
Nem Warren Buffett, um dos maiores investidores de todos os tempos, é capaz de dizer se uma ação específica atingiu seu valor mínimo, indicando assim, o momento certo de comprar. Da mesma forma, ninguém sabe ao certo quando ação está no seu pico para que ela seja vendida dando o mais lucro possível para o investidor.
Se analisarmos as coisas que os economistas e demais “especialistas” falaram no passado sobre altas e baixas da bolsa, podemos perceber o quanto é difícil, até mesmo para quem sabe do que está falando, fazer qualquer tipo de previsão.
Investidores espertos, todavia, não ficam tentando adivinhar qual o ponto mínimo do preço que uma ação vai atingir (ou quando isso irá ocorrer). Eles investem incrementalmente, investindo de pouquinho a medida que o preço vai baixando, evitando assim, investir todo o capital disponível (ou reservado para aquela ação específica) num palpite de que aquele momento é o mais baixo possível.
Ações, contudo, não existem em uma bolha. Cada setor da indústria, comércio e serviços sobe e desce na bolsa de valores com bastante uniformidade, com poucas e isoladas exceções. Por exemplo, quando a indústria automobilística está bombando, todas as empresas que participam dessa indústria vêem suas ações subirem. As exceções ficam por conta de casos isolados que ocorrem com certas empresas como escândalos, morte do fundador ou presidente ou coisas assim, que não afetam as outras empresas no mesmo setor.
Ações individuais também podem apresentar breves altas comparando com as outras do mesmo setor devido a fatores isolados, como as ações da Apple sempre sobem quando sai um novo iphone ou ipad. Contudo, essas diferenças são mínimas em comparação com todo o setor. Se o setor está bem, é seguro assumir que todas as empresas dentro deles estão em alta na bolsa e vice versa.
Para ser capaz de fazer boas inferências com relação ao movimento das bolsas, mesmo sendo incapaz de adivinhar exatamente o ponto mais alto e ponto mais baixo, é necessário acompanhar de perto as notícias micro e macro econômicas. O que está acontecendo nas empresas em que você investe e ao mesmo tempo, o que está acontecendo no seu país, no país onde fica a sede matriz da empresa e no resto do mundo.
Investir na bolsa não é indicado para quem não gosta de ficar por dentro das notícias, a não ser que seu plano seja comprar ações e sentar nelas, deixando para vendê-las somente daqui algumas décadas, o que não é uma má ideia, mas é preciso cautela com essa estratégia, pois empresas quebram!
Agora, é fácil prever altas quando uma baixa é ocasionada por fatores excepcionais é muito fácil e rende dinheiro para investidores antenados. Por exemplo, um escândalo sexual envolvendo o presidente da empresa acaba nos jornais e noticiários, as ações caem. O setor, contudo, vai muito bem, apenas aquela empresa foi afetada devido ao escândalo público. Isso, é claro, não tem nada a ver com o desempenho da empresa, apenas com a idiotice do povão. Logo, logo, as pessoas esquecem do escândalo e as ações voltam a subir. Isso acontece o tempo todo hoje dia, numa época em que pessoas de destaque, incluindo empresários, estão à mercê de câmaras em telefones e todo o tipo de comunicação instantânea que acaba fazendo com que coisas que outrora permaneceriam escondidas, acabem vindo à tona. Como o povão se importa demais com a vida alheia, volta e meia, as ações de certas empresas caem devido a escândalos envolvendo seus administradores.
O mesmo efeito também ocorre com outros eventos como morte ou sequestro de alguém importante ligado à empresa. As ações do Pão de Açúcar despencaram quando Abílio Diniz foi sequestrado. Quem comprou ações do supermercado nesse período fez a festa quando as ações voltaram a subir logo após o resgate bem sucedido do empresário. Não que eu esteja estimulando tirar vantagem da desgraça alheia, apenas estou dando um exemplo do que ocorreu nesse caso específico!
Outro indicador a ser observado quando você quer saber se uma ação vai subir logo ou não é analisar a relação entre preço e volume.
Volume é a quantidade de ações que foram comercializadas em um dia. Se o volume começa a aumentar, isso pode ser indicativo de aumento no interesse naquela empresa e consequentemente um indicativo de que o preço vai subir em breve.
Se o preço de uma ação cai, mas o volume é baixo, isso é indício de perda de interesse dos investidores naquela empresa. Se o preço está baixo, mas o volume é alto e continua crescendo, isso é indício de que a queda foi temporária e o preço vai subir rapidamente. Isso nada mais é do que uma simples questão de oferta e demanda.
Diego Meille é orientador vocacional. Diego já trabalhou com seleção e orientação de alunos na Universidade de Harvard e contribui hoje com o Guia da Vida escrevendo sobre escolha profissional e educação.
Seu site é ótimo, mas este artigo me parece ter informações incompletas ou possivelmente enganosas.
Preço-Volume tem pouco poder preditivo hoje e muitos argumentam que jamais teve. O problema hoje é que o grosso do volume no curto prazo é geralmente negociado através de derivativos. O volume vai mostrar o desempenho dos investidores menos sofisticados, mas grande parte dos hedge funds, por exemplo, vai agir através de combinações de option, swaps e etc…
Quanto a apostar em setores em vez de empresas específicas, estudos não corroboram esta hipótese. E ter que ficar antenado nas notícias é prerrogativa para alguns tipos de investidores. Há autores e investidores, como Nassim Taleb, que consideram que acompanhar as notícias prejudica seu desempenho como investidor (e seu intelecto).
Vale lembrar, como você mesmo especificou com alguns exemplos, que se ganha dinheiro quando sua expectativa é diferente da expectativa do mercado (muitas vezes corroborada pela imprensa).