O pentágono da produtividade: O comportamento ideal para a produtividade máxima

Franciane Ulaf

Produtividade Máxima

Quando falamos em conquistar sonhos e metas consistentemente e serialmente (um atrás do outro), dificilmente damos atenção ao comportamento típico da pessoa que tem esse perfil. A pessoa que consegue regularmente atingir suas metas costuma ter um conjunto de características específicas. Metas podem ser ocasionalmente atingidas como consequência de sorte ou sequência de eventos fortuita (estar no lugar certo, na hora certa, conhecer as pessoas certas, acertar o timing pegando carona no sucesso alheio, etc.).

Contudo, consistência (conquistar todas ou quase todas as metas) exige que a pessoa tenha as características certas para tocar projetos e manter a produtividade até o fim, independentemente de sorte ou circunstâncias. Eventos inesperados certamente podem descarrilhar o melhor dos planos — a pandemia do Coronavírus foi um exemplo de como uma força maior pode afetar nossa vida de forma implacável e imprevisível. Entretanto, essas ocorrências são raras. A maior parte da vida das pessoas ocorre de forma rotineira, sem maiores surpresas. Sendo assim, o que conta mais é a própria personalidade e características de cada um, não as ocorrências externas.

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O que observo é que realização consistente é resultado de um conjunto de hábitos e características pessoais, não apenas uma coisa ou outra. Uma tendência comum hoje em dia é ver manchetes sobre “o segredo do sucesso” ou uma característica ou outra que é determinante para conseguir realizar seus sonhos. Não há realmente um “segredo” no sentido de algo que ninguém sabe, afinal de contas essas coisas já vêm sendo discutidas há muito tempo (Platão e Aristóteles já falavam sobre isso há quase 2.500 anos!). Mas apesar disso, vejo que as pessoas não sabem o que precisam desenvolver em si mesmas para manter uma produtividade saudável e consistentemente atingir suas metas. Podemos culpar o sistema educacional, a cultura, a desinformação generalizada, mas a realidade é que cabe a cada um correr atrás do prejuízo. Se não aprendemos essas coisas no curso natural da vida, podemos obter esse conhecimento proativamente. Se você está lendo esse artigo, você já está tomando as rédeas da sua vida.

É importante entender que as características que vamos discutir a seguir podem ser desenvolvidas por qualquer pessoa, não são coisas necessariamente inatas. Muitos destes traços precisam ser nutridos ao longo da vida para que possam ser expressados de forma útil, mesmo que a pessoa já tenha nascido com um potencial para desenvolvê-los. Alguns exemplos são a persistência, que “crua” ou não trabalhada, facilmente se torna teimosia e a determinação, que desfocada, aponta para metas que não trazem real satisfação e felicidade.

PERSISTÊNCIA

A persistência é talvez a característica mais importante para a conquista consistente de metas. Sem persistência desistimos facilmente. Nos deixamos amedrontar por dificuldades, fracassos, desafios, conflitos, críticas alheias, ou qualquer outra adversidade. A pessoa persistente sente a dor dos obstáculos, mas segue em frente, insiste. Contudo, a persistência precisa ser treinada para que não se torne teimosia. Algumas metas acabam se mostrando infrutíferas ou algo diferente do que inicialmente imaginamos. O ideal é simplesmente abandoná-las ao invés de continuar insistindo em algo que não é ideal.

O desenvolvimento da persistência depende de outras características como motivação e disciplina.

MOTIVAÇÃO

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A motivação a que me refiro aqui não é aquela que as pessoas esperam ter no dia a dia—que na realidade não é motivação, mas um entusiasmo, um fogo de palha. O que me refiro aqui é a motivação intrínseca, que promove direcionamento e sentido às atividades. A “real” motivação tem em sua base um motivo, uma razão específica para perseguir uma ou outra meta. É um erro acreditar que precisamos de motivação para tocar as atividades rotineiras. Para o dia a dia precisamos de disciplina. A motivação intrínseca nem sempre fornece aquele “gás” que as pessoas esperam sentir para colocar a mão na massa. Esse ânimo, na realidade, está mais para empolgação do que para motivação. A pessoa realmente motivada sabe porque faz o que faz, mas nem sempre está “a fim” de fazer o que precisa ser feito. Para isso ela usa a disciplina.

DISCIPLINA

A disciplina é o molho especial que lubrifica as engrenagens de pessoas altamente produtivas. É a disciplina—e não a motivação—que garante que as coisas são feitas no dia a dia. A motivação fica por trás, como motivo que justifica a ação. A disciplina garante que as coisas são feitas sem falta. Pense em um atleta profissional ou músico. Esses profissionais precisam praticar arduamente. É um erro acreditar que porque suas atividades são excitantes e apreciadas por outros ou porque eles provavelmente amam o que fazem que eles acordam todo dia com a corda toda para colocar seis, oito horas ou mais de empenho em suas práticas. Pelo contrário, muitos desses profissionais enfrentam dor, desafios, obstáculos, e desânimo com frequência. Mesmo assim, eles não deixam de colocar suas horas diárias. Como eles conseguem? Disciplina. A disciplina garante que, faça chuva, faça sol, o que precisa ser feito será feito mesmo que eles não estejam com um pingo de vontade.

Disciplina no longo prazo tem efeitos surpreendentes. Pense em tudo o que você já quis fazer na vida, mas que acabou não dando continuidade. Como seria sua vida se você não tivesse se rendido ao desânimo? O que teria conquistado se tivesse tido a disciplina de simplesmente fazer o que tinha que ser feito, dia após dia? As respostas podem deixá-lo boquiaberto. Quanto tempo já foi perdido com inutilidades quando a produtividade em direção a uma meta ou outra teria sido uma melhor opção?

Mas a disciplina não deve trabalhar sozinha. Assim como a motivação e a persistências precisam uma da outra, a disciplina entra junto mantendo a produtividade em dia, mas também se baseando nessas outras características. Disciplina isolada pode resultar em um comportamento robótico onde a pessoa faz muitas atividades, mas sem qualquer direcionamento, sem sentido, tarefas que não levam a nada, que não constroem um futuro, não alcançam metas específicas.

DETERMINAÇÃO

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Muita gente confunde determinação com persistência, mas essas duas características são diferentes. Persistência, como vimos, é insistir, persistir apesar de qualquer obstáculo ou adversidade. Determinação vem de meta. Uma pessoa determinada sabe onde quer chegar. O contrário, a falta de determinação, é evidenciado pela ausência de objetivos de longo prazo, é o “deixa a vida me levar”, o “vamos ver no que dá”, o “tocando e levando”. Essa postura geralmente resulta em mediocridade. Uma vidinha pacata, um emprego morno, estagnação.

É importante não confundir determinação com visão ou simplesmente desejos. Uma visão é uma perspectiva ampla de como você deseja que sua vida seja no longo prazo, as condições gerais que você quer criar para si mesmo e sua família. Desejos são aquelas coisas genéricas como fazer mais dinheiro, ser bem-sucedido, ser reconhecido profissionalmente, etc. Desejar essas coisas não é ser determinado. Da mesma forma, desejos improváveis como ser famoso, ou qualquer coisa cujas probabilidades são ínfimas também não o torna determinado.

A pessoa determinada tem uma ideia clara do que está querendo criar para seu futuro, mantendo os pés no chão e evitando generalidades como “um dia eu vou ter/ser/fazer isso ou aquilo” ou superlativos como ser o melhor, o maior, o primeiro, etc.

A determinação pode envolver desde metas bem pontuais e pequenas como escrever um livro sobre XYZ até metas maiores criar uma empresa que fatura XX por ano. Cada meta, pequena ou grande, exige seu planejamento e precisará das outras características para ser tocada e realizada.

PLANEJAMENTO

Se a disciplina é o molho especial, o planejamento é a cereja do bolo. O planejamento estratégico pessoal é o toque mágico que faz as coisas funcionarem no dia a dia. Para planejar é necessário conhecer a meta profundamente. Esse conhecimento evita uma série de contratempos que quem não planeja frequentemente encontra. Evita frustrações, obstáculos inesperados (conhecendo a meta eles se tornam “esperados” e você se prepara para enfrentá-los), confusão ao não saber o que fazer para tocar o projeto. Tudo isso decorrente da primeira fase do planejamento: estudar a meta e saber bem como é feito o que você quer realizar.

A outra parte do planejamento, a organização da produção em si, garante que você saiba direitinho o que precisa fazer no dia a dia para que ao longo de um período você construa a meta. A concretização desse planejamento vai depender das outras características que já discutimos como motivação, disciplina, persistência e determinação.

 

No final das contas, a conquista consistente de metas no longo prazo depende do desenvolvimento sólido dessas cinco características. Sozinhas elas podem conduzi-lo realizações inúteis, ou apenas a patinar no molhado, fazendo coisas que não se traduzem em real progresso em sua vida. Juntas elas formam o que eu chamo de pentágono da produtividade. Existem evidentemente outras características que fortalecem a capacidade produtiva, mas essas cinco trabalham juntas para criar uma pessoa invencível que conquista tudo o que quiser.

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