Por que a inteligência emocional é a chave para a felicidade e sucesso

Franciane Ulaf

Inteligência emocional

Inteligência emocional é um tópico popular, porém pouco compreendido. Apesar de ser frequentemente associada à extroversão e sociabilidade, ela é uma característica que engloba a maturidade psicológica e não revela necessariamente um comportamento expansivo ou carismático.

Esse mito ou “mal-entendido” é decorrente da associação dos termos “emoção” e “emocional” com sociabilidade. O “arroz de festa” aparenta ser senhor das suas emoções, mas essa percepção também decorre de outro mito: o de que emoção é sinônimo de exultação, entusiasmo, comoção, alegria e outros termos associados à expressões exaltadas. Outro termo foi teorizado para descrever essa pessoa altamente sociável: a inteligência social, que não tem ligação com a inteligência emocional.

Para falarmos de inteligência emocional então, vamos deixar bem claro que não estamos falando de extroversão, “se dar bem com pessoas”, “ser comunicativo”, ou qualquer coisa no sentido social.

Mas então o que é inteligência emocional?

O nome já diz tudo! É a inteligência ou o bom desempenho no uso e administração das emoções. E o que isso significa na prática?

Uma pessoa emocionalmente inteligente:

Se irrita pouco – a irritação revela dificuldade de lidar psicologicamente com o fator irritante.

Sente menos frustração – assim como a irritação, a frustração revela uma dificuldade para gerenciar fatores que estão fora do controle, obstáculos, desafios, quebra de expectativas.

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Este livro desfaz uma série de mitos sobre a interação entre emoção e razão e explica o que é ser realmente emocionalmente inteligente.

Processa emoções negativas rapidamente – todos estamos vulneráveis a sentir emoções negativas como raiva, tristeza, frustração, ciúmes, vergonha, medo, culpa, luto, angústia, inveja, ansiedade, etc. Contudo, quanto maior o quociente emocional, maior a capacidade de processamento eficiente dessas emoções, ou seja, elas são sentidas, mas logo dissipadas. Em contraste, uma pessoa com baixo quociente emocional tende a deixar com essas emoções tomem proporções exageradas e as perturbe por muito mais tempo, gerando consequências diversas na vida.

Não se deixa dominar por exultações positivas – Inteligência emocional não é só a capacidade de processar eficiente emoções negativas como raiva, mas também não se deixar obnubilar por estados muito intensos como excitação, euforia e entusiasmo excessivo.

A inteligência emocional é, na realidade, a maturidade na gestão psicológica. Não há exageros, nem no desespero da emoção negativa nem no alvoroço eufórico da emoção positiva. A pessoa com alto quociente emocional tende a ser calma, comedida, serena, sensata, moderada, prudente e flexível.

Notavelmente, a pessoa extrovertida costuma apresentar o contrário desta descrição, tendo picos de descontrole emocional, tanto positivos quanto negativos. Pessoas emocionalmente inteligentes tendem a ser mais introvertidas (o que não significa que são tímidas!) pois não se expressam impulsivamente e são mais prudentes e moderadas. Isso não significa que pessoas extrovertidas não possam ter alto nível de inteligência emocional. Introversão e extroversão são traços de temperamento e não estão diretamente ligados à inteligência emocional.

Mas o que a inteligência emocional tem a ver com felicidade e sucesso?

Felicidade é um estado emocional. Se nos sentirmos perturbados emocionalmente dizemos que não estamos felizes. Quando a pessoa é incapaz de administrar seu universo íntimo e acaba vivenciando frustração, raiva, inveja, ciúmes, ansiedade e todo o rol de emoções negativas com muita frequência e por muito tempo ela tende a acreditar que não é feliz. De fato, a felicidade é muito mais uma questão de maturidade emocional do que de alcançar metas ou conseguir ser, ter ou fazer qualquer coisa na vida. A pessoa de bem consigo mesma é feliz, independente do estado de suas metas ou sua condição atual.

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Quando falamos em sucesso nos referimos ao êxito nos projetos, que podem ser desde metas profissionais até objetivos pessoais. “Sucesso na vida” geralmente se refere a uma condição conquistada em que a pessoa alcançou segurança financeira e sente-se realizada nas diversas áreas da vida, mesmo que ainda possa ter metas para o futuro. Sucesso geralmente depende do nível de autoeficácia da pessoa ou o quanto boa ela é em alcançar as próprias metas. Veja que isso não significa necessariamente metas profissionais e financeiras. Sucesso é êxito na vida, e isso pode significar diferentes coisas para cada um.

A felicidade está também ligada à autoeficácia e a capacidade de ser bem-sucedido nos próprios projetos. A pessoa que se sente um “fracasso” em qualquer área da vida não consegue se sentir verdadeiramente feliz. Contudo, veja que isso não quer dizer que uma pessoa bem-sucedida profissionalmente (apenas um aspecto da vida) seja feliz. Não devemos, entretanto, cair na armadilha de acreditar que só porque algumas pessoas que conhecemos são bem-sucedidas na carreira, mas infelizes na vida pessoal, que felicidade e sucesso não estão conectados. Esse dilema é similar àquela questão do dinheiro: dinheiro em si não traz felicidade, mas falta de dinheiro frequentemente causa infelicidade. Sucesso em apenas uma área da vida pode não resultar em felicidade, mas falta de sucesso em qualquer área pode provocar emoções negativas que associamos com infelicidade.

Agora que definimos bem o que queremos dizer com sucesso e sua conexão com a felicidade, vamos trazer a inteligência emocional de volta!

Pense em uma pessoa imatura emocionalmente: ansiedade, picos de raiva e descontrole emocional, desespero, frustração, depressão, exaltações frequentes, períodos de entusiasmo seguidos de desinteresse. Note que nem todas as pessoas que descrevemos como emocionalmente imaturas vivenciam todas essas manifestações. Existem níveis de inteligência emocional, não é “ter ou não ter”.

A felicidade está fora do alcance dessa pessoa emocionalmente imatura pois ela acaba não conseguindo vivenciar a tranquilidade e a serenidade que são características dessa condição. As emoções destrambelhadas acabam arruinando sua paz no dia a dia. Ou a felicidade é sentida no cotidiano, ou ela simplesmente não existe. Alegria, “momentos”, excitação, animação, “curtir” a vida, isso não é felicidade. Felicidade é uma condição perene. A pessoa se sente feliz mesmo quando as coisas vão mal. Agora, quando as coisas não dão certo por muito tempo entramos no dilema do sucesso. Ao experienciar fracassos no médio a longo prazo o senso de autoeficácia diminui e com ele a felicidade esvanece.

A inteligência emocional está ligada ao sucesso porque ao conferir uma habilidade maior para administrar emoções ela aumenta a autoeficácia e ajuda a pessoa a ter êxito em suas metas. No médio a longo prazo, isso resulta em muitos projetos concluídos e objetivos conquistados. Esses sucessos, por sua vez, aumentam a autoestima e fazem a pessoa se sentir melhor consigo mesma, contribuindo com a sensação de felicidade.

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Um guia propriamente dito para desenvolver a inteligência emocional e aprender a lidar de forma eficiente com as emoções

O fracasso muitas vezes está ligado à dificuldade para lidar com os obstáculos do caminho. Frustração, desânimo, não querer sair da zona de conforto são motivos comuns que levam à desistência, e logo, ao fracasso. Essas dificuldades são de ordem emocional.

Concluindo, tanto a felicidade, que é um estado de espírito, ou seja, um estado emocional, quanto o sucesso, que se apoia na capacidade de conquistar metas consistentemente, dependem ou se reforçam da maturidade emocional.

Vale mencionar que existem inúmeros caminhos para se alcançar sucesso em metas e muitos desses caminhos podem ser percorridos por pessoas possuem inúmeras fissuras de personalidade, inclusive baixo quociente emocional. A inteligência emocional ajuda – e muito, mas não é fator absolutamente necessário, principalmente quando falamos em metas profissionais. Contudo, é muito melhor sermos bem-sucedidos e felizes, do que bem-sucedidos e miseráveis emocionalmente, não é mesmo?! O ideal é falarmos de sucesso integral, ou seja, uma condição de êxito em todas as áreas da vida, e aí sim, a inteligência emocional é imprescindível.

Quanto à felicidade, a inteligência emocional é componente integral do quebra-cabeças do nosso bem-estar pessoal. Sem a sábia gestão das emoções não conseguimos conter o rebuliço psicológico que nosso cérebro é capaz de gerar.

Espero que esse artigo tenha contribuído para desfazer alguns mitos sobre a inteligência emocional e posicioná-la como fundamental na construção de uma vida integralmente saudável.

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6 comentários em “Por que a inteligência emocional é a chave para a felicidade e sucesso”

  1. Seus artigos são fantásticos! Estava com muita saudades de ler seu conteúdo e fiquei muito feliz de saber que você voltou. Também achei muito legal a ideia de fazer cursos interativos. Acho que esses conteúdos serão muito melhor aprendidos se tivermos a opotunidade de entrarmos mais a fundo e solucionarmos nossas dúvidas diretamente com você.

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  2. Amei Fran! Eu admito que sou uma que achava que inteligencia emocional era coisa de gente que é súper social. é interessante saber que o buraco é mais embaixo e tem muita coisa que a gente não sabe!

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  3. Acho que a mídia tem parte da culpa de muitos acreditarem que a inteligencia emocional é traço de pessoas extrovertidas. É comum ouvir que tal e tal pessoa que tem boa desenvoltura social “tem alto QE”. Típico de jornalistas que nem sabe do que estão falando e nem se dão o trabalho de fazer pesquisa. Muito bom seu artigo. Obrigada!

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  4. Artigo bem desenvolvido , com pontos de reflexão corretos e muito bem embasados. Ele substitui “uma montanha “de materiais que vemos na internet que não chegam a uma conclusão e nos dão uma visão equivocada do que é realmente ser uma pessoa com inteligência .Trata-se de uma necessidade básica hoje em dia termos controle de nossas emoções , isso nos ajuda a nos amarmos , pois significa saúde mental espiritual. Obrigada!

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